sexta-feira, 9 de abril de 2010

Tucano ataca luta de Dilma contra a ditadura

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Senador Arthur Virgílio diz que ex-ministra "não é bandida", mas não deveria ter apoiado a luta armada contra o regime militar

Em resposta ao líder tucano, ministro Vannuchi afirma que ações fizeram parte de "processo amplo" e diz que se orgulha de seu passado

Márcio Falcão

O líder do PSDB no Senado Federal, Arthur Virgílio (AM), afirmou ontem que a pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, "não é bandida, mas lutou de maneira errada contra a ditadura militar".

A referência à ex-ministra foi feita durante debate de seis comissões do Senado sobre o terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos. Para Virgílio, a ministra deveria ter optado por um partido como o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), contrário à ditadura.

Dilma foi integrante do movimento Polop (Política Operária) de Belo Horizonte. Mais tarde, ela juntou-se ao Colina (Comando de Libertação Nacional), que em 1969 se fundiu com a Vanguarda Popular Revolucionária, dando origem à VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares). A ex-ministra foi presa pela primeira vez em 1970.

Virgílio disse que não guarda rancor do regime militar, mas que chegou a ter sua casa invadida: "Minha casa foi invadida e minha mãe foi obrigada a cantar o Hino Nacional de costas para a parede para mostrar que não éramos comunistas. Eu já era comunista naquela ocasião". A biografia do líder tucano no Senado avisa que ele "foi ligado ao clandestino PCB".

A provocação do senador foi dirigida ao ministro Paulo Vannuchi (Secretaria Especial dos Direitos Humanos), que explicava aos senadores a criação da comissão da verdade para investigar violações de direitos humanos durante a ditadura.

"Equivocadas ou não, as ações [armadas] contra o regime fizeram parte de um processo amplo. Eu tenho orgulho de ter feito parte de uma juventude atuante", disse Vannuchi.

Os oposicionistas criticaram o plano e defenderam que a comissão não saia do papel. Vannuchi adotou um tom conciliador e propôs ajustes no texto.

Segundo ele, a comissão da verdade não é revanchista nem representará a revisão da Lei da Anistia de 1979: "Ela é a favor das Forças Armadas brasileiras, não é contra. Não é justo que as Forças Armadas e a família militar estejam levando nas suas costas violências cometidas por algumas dúzias".

O ministro disse ainda que o governo vai defender no anteprojeto que o colegiado não tenha em sua composição representantes dos militares nem das pessoas que lutaram contra o regime.

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