quarta-feira, 26 de maio de 2010

"Brasil teve um apagão do planejamento"

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Vera Rosa / BRASÍLIA

Disposta a dissipar rumores de que, se vencer a eleição, promoverá uma guinada à esquerda no Planalto, a pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, assumiu ontem compromisso com a estabilidade econômica e associou o risco de mudança ao adversário José Serra, do PSDB.

Primeira a responder às perguntas da sabatina promovida pela CNI, Dilma apresentou-se como a única garantia de continuidade de um governo bem avaliado. Em tom pausado, ela assegurou que respeitará os contratos e manterá a política de câmbio flutuante, combinada com metas de inflação e ajuste fiscal.

Para agradar à plateia de homens engravatados, Dilma foi mais longe e propôs a criação do Ministério da Micro, Pequena e Média Empresa. Não foi só: pregou a reforma de impostos que o governo não conseguiu aprovar no Congresso, chamou a situação tributária de "caótica" e disse que a desoneração da folha de salários é "fundamental". Na tentativa de neutralizar o discurso da gastança entoado por Serra, prometeu até cortar despesas, "desde que não comprometam os investimentos". Só não especificou onde seria a tesourada.

Meritocracia. "O Estado brasileiro tem de ser profissional e meritocrático, precisa ter gestão e regulação correta, sem prejuízo do setor privado", insistiu a ex-ministra da Casa Civil. Nas diretrizes do programa de governo, o PT defende um Estado forte.

Dilma lembrou que, quando assumiu o Ministério das Minas e Energia, em 2003, havia 20 motoristas e um engenheiro. "Não tenho nada contra motoristas, mas no passado foram feitos cortes irracionais e o Brasil teve um apagão do planejamento", criticou, numa referência ao governo de Fernando Henrique Cardoso.

Mais tarde, em entrevista, Dilma defendeu o preenchimento das vagas de agências reguladoras por "critérios técnicos". Em resposta a Serra, porém, ressalvou que "isso não significa acabar com indicação política". Ela também deu estocadas no tucano ao dizer que "todo mundo quer qualidade da educação, mas ninguém quer salário para o professor". Pouco antes de deixar o governo paulista, Serra enfrentou greve de professores.

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