sábado, 15 de maio de 2010

Jarbas: discurso do medo para Dilma

DEU NO JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Sheila Borges

Um dia após declarar que não mudará a sua postura de crítico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o pré-candidato a governador de Pernambuco pelo PMDB, Jarbas Vasconcelos, mostrou ontem que, apesar de ser conhecido como um senador anti-Lula, seguirá a estratégia de campanha do presidenciável do PSDB, José Serra, e direcionará as críticas para a ex-ministra Dilma Rousseff, pré-candidata do PT. Mesmo ressaltando que não pretendeu aterrorizar os eleitores, Jarbas recorreu ao discurso do medo para dizer que a ex-ministra não tem experiência sequer para controlar o PT, o que, segundo ele, pode levar o Brasil para o caminho do imponderável.

Isso porque há no PT várias correntes que disputam o controle da sigla e algumas delas se posicionam contra as diretrizes administrativas e econômicas adotadas por Lula. Dilma não tem competência política para governar. Por que o PT não aperreia Lula? Porque ele tem o controle do partido. É muito maior do que o PT. Dilma não tem essa condição. O País pode ir para o imponderável. Não sabemos o que poderá acontecer, disse, ao participar do programa de Samir Abou Hana, na TV Universitária, ontem à tarde.

Como líder maior do PT, o presidente tem conseguido contornar as crises internas da legenda, fazendo valer a sua opinião. Como Dilma não é petista histórica e sofreu resistência interna para ter o seu nome aprovado para a eleição deste ano, Jarbas considera que o PT, se Dilma for eleita, pode atuar de forma diferente. Alguns líderes petistas, inclusive, chegaram a afirmar que Dilma cresceu no vácuo da falta de nomes mais ligados à história do PT. Quem possuía tais credenciais se envolveu em escândalos. Lula então, com seu poder, chancelou a indicação da ex-ministra.

Ao ser indagado sobre o conteúdo de seu discurso, Jarbas explicou, após o programa, que não pretendeu aterrorizar as pessoas quando disse que o País, com a perspectiva de ter Dilma na Presidência, poderia tomar um caminho desconhecido. Não estou aterrorizando, mas Lula tem força e experiência. Dilma não. Ela não é PT de origem. Não estou falando da questão institucional, de governo, mas da parte administrativa. Com ela, o PT vai aparelhar ainda mais a máquina, comentou.

O presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, endossou a tese de Jarbas. Segundo o tucano, coordenador-geral da campanha de Serra, Dilma não tem a força de Lula no PT. Uma coisa é o PT sem Lula. A outra é o PT com Dilma. É uma questão de liderança e capacidade de negociar, complementou. Essa posição lembra o embate entre governistas e oposicionistas na campanha de 2000. Na corrida pela Prefeitura do Recife, a equipe de marketing do então prefeito da cidade, Roberto Magalhães (DEM), que tentava a reeleição, criou peças vinculando o PT à baderna, uma vez que, na época, ocorriam greves protagonizadas por sindicatos ligados ao partido. O então candidato a prefeito era o deputado estadual João Paulo, que terminou derrotando Magalhães.

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