quarta-feira, 5 de maio de 2010

MG emperra a aliança entre Dilma e PMDB

DEU EM O GLOBO

Sem acordo com o PT nos palanques de vários estados, como Minas Gerais, o PMDB adiou para junho o anúncio de seu vice na chapa da petista Dilma Rousseff para disputar o Planalto. O PMDB quer o apoio a Hélio Costa para o governo de Minas, mas o PT tem candidato. O PP, partido da base de Lula, anunciou neutralidade na disputa.

Impasse em alianças estaduais faz PMDB adiar anúncio de vice de Dilma

Petista suspende convite que faria a Temer para integrar chapa

E PP, cortejado pelos tucanos, decide ficar neutro na disputa presidencial

Gerson Camarotti e Maria Lima

BRASÍLIA. Apesar de ter feito ontem forte ofensiva para manter os aliados em seu palanque, a pré-candidata petista a Presidência da República, Dilma Rousseff, viu os seus planos frustrados. Primeiro, foi informada de que o PP deverá mesmo ficar neutro na disputa presidencial. No início da noite, o PMDB, principal aliado governista, comunicou que cancelou o encontro que faria no dia 15 de maio para consolidar a aliança nacional do partido com o PT, o que só fará agora na convenção nacional de 12 de junho.

Dilma jantou ontem com o presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), para convidá-lo a ser o candidato a vice em sua chapa. Mas, pouco antes, o PMDB desmarcou o encontro do partido previsto para o dia 15. A alegação é que há ainda problemas regionais em 14 estados entre PMDB e PT. Entre as pendências, está o apoio do PT ao PMDB em Minas. O PMDB quer quer o apoio dos petistas a Hélio Costa, mas o PT escolheu Fernando Pimentel como candidato. Também há conflitos na Bahia, Pará, Rondônia, Mato Grosso do Sul e Ceará.

- Ainda há muitos problemas entre PT e PMDB - reconheceu o vice-líder do governo no Congresso, senador Waldir Raupp (PMDB-RO), que quer o apoio dos petistas em Rondônia.

A primeira dificuldade de Dilma, ontem, ocorreu durante o almoço, quando o presidente do PP, senador Francisco Dornelles (RJ), disse a ela que a tendência da legenda era ficar sem candidato presidencial, mesmo integrando o governo Lula. A campanha petista está preocupada com o avanço do PSDB na tentativa de atrair o PP.

No almoço com o PP, estavam o ministro das Cidades, Márcio Fortes (PP), o presidente do PT, José Eduardo Dutra, além o deputado Antonio Palocci (PT-SP) e do ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Dilma lembrou que o PP integrao governo e perguntou se ela e o PT podiam trabalhar para reverter os que estavam contrários à coligação. Segundo relatos, Dornelles disse que sim, mas alertou:

- Cuidado, porque, se pressionar muito e houver disputa na convenção, pode sair um resultado contrário - disse Dornelles, indicando que poderiam aprovar aliança com Serra.

PP consulta diretórios sobre adesão a petista

Dornelles afirmou que no último levantamento no PP, o apoio a Dilma tinha a adesão de 20 dos 27 diretórios regionais. Mas que esse levantamento foi feito em dezembro. O partido está fazendo nova consulta:

- Uma das características desse pleito é que a questão estadual é mais importante que a nacional. No PP, cada filiado é livre para conversar com quem quiser e desejar. Esse foi um almoço normal de presidente do partido com uma candidata, como também posso almoçar com a Marina (Silva) ou o (José) Serra - disse Dornelles.

- A tendência do partido é ficar neutro como ficou nas últimas eleições presidenciais. O que queremos é aumentar o numero de senadores e crescer nossa bancada na Câmara - disse o vice-presidente do PP, deputado Ricardo Barros (PR), que deve concorrer ao Senado.

- A prioridade é a eleição em Santa Catarina. Não tenho compromisso com a chapa nacional. Estarei próximo de quem for parceiro - disse a deputada Ângela Amin (PP-SC), candidata ao governo catarinense.

Na noite de segunda-feira, na reunião de integrantes do conselho político da campanha de Dilma com o marqueteiro João Santana, ficou claro que os aliados decidiram ignorar os erros da candidatura e esperar o grande trunfo petista: a entrada do presidente Lula na campanha. De acordo com os aliados, a expectativa é que Lula será o verdadeiro candidato e que terá condições de mudar o jogo assim que entrar, junto com os sindicatos. Eles avaliam que o presidente irá agregar, a partir de julho, 10 pontos na pesquisa.

- O grande diferencial será Lula e a militância, com os sindicatos 100% fechados com a campanha. Dilma terá que ser empurrada, ou rebocada. Nos primeiros 30 dias, Lula e a militância agregarão de 10 a 15 pontos de largada. Dilma crescerá com cenários que não dependem dela. Serra não, é ele sozinho - disse um integrante do comando da campanha.

- É possível que o presidente Lula se afaste para entrar na campanha de cabeça, mas primeiro ele quer sentir o desempenho de Dilma - disse o representante do PR, deputado Luciano Castro (RR).

No Ceará, disputa pelo Senado está complicada

A situação no Ceará está muito complicada por causa da disputa pelo Senado. O PMDB não quer um nome da própria base aliada concorrendo com o deputado Eunício Oliveira, presidente estadual do partido, escolhido para concorrer ao cargo.

A indicação do PT é o ex-ministro da Previdência José Pimentel. A intenção é impedir a reeleição do senador Tasso Jereissati (PSDB), para enfraquecer a oposição no Senado. A escolha desagradou ao governador Cid Gomes, que não endossou o nome do petista e só declarou apoio a Eunício.

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