quinta-feira, 6 de maio de 2010

No Sul, Serra se reúne com Fogaça, do PMDB

DEU EM O GLOBO

Tucano assedia também o PP; candidato ao governo gaúcho disse que encontro com ex-governador foi casual

YEDA CRUSIUS e Serra em reunião na Federasul em Porto Alegre: para tucano, "importa o máximo de alianças"


Isabel Marchezan e Sérgio Roxo*

PORTO ALEGRE. O pré-candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra, reuniu-se por 40 minutos com o candidato do PMDB ao governo do Rio Grande do Sul, José Fogaça, antes de deixar Porto Alegre, ontem à noite. Antes do encontro, Serra esteve por quase uma hora com deputados do PMDB, reforçando na prática o discurso de aproximação com setores do PMDB que repetiu nos dois dias de visita ao Rio Grande do Sul. No âmbito nacional, o PMDB terá aliança com o PT de Dilma Rousseff.

Os encontros com os peemedebistas, não informados à imprensa, foram organizados pelo deputado federal Osmar Terra (PMDB), que acompanhou Serra por todo o roteiro gaúcho. Em entrevistas, Serra afirmou que busca o máximo de alianças:

- Para mim, importa o máximo de alianças e parcerias com partidos aqui ou acolá, ou que mesmo nacionalmente já estão conosco, caso de DEM, PPS, PSC, que está se aproximando, do PTB, com quem temos boas relações, e inclusive do PMDB. Tenho afinidade grande com o PMDB do Rio Grande do Sul, como tenho com pessoas do PP. Imaginar que vai estar todo mundo junto é utopia. O importante é que estejam integrados. Não sou candidato estritamente partidário. Sou de um partido. Mas sou candidato para somar.

Fogaça disse que não há negociações, por enquanto, para que Serra suba em seu palanque:

- Estou aqui (no aeroporto) porque vou viajar. Foi um encontro casual. Boa parte do PMDB pensa nisso (aliança com Serra), mas a decisão regional do partido é lutar pela candidatura própria à Presidência.

Em busca de ampliação do leque de apoios, Serra também defendeu que o PSDB se empenhe para buscar aliança com o PP na eleição para o governo do Rio Grande do Sul. A coligação gaúcha poderia facilitar o acordo entre as legendas no plano federal. O PP, com direito a um minuto e 20 segundos na TV, é cortejado pelos tucanos e pelo PT. O senador Francisco Dornelles, lembrado para vice de Serra, almoçou anteontem com Dilma.

Ontem, em Porto Alegre, Serra tratou de contra-atacar no assédio ao PP.

- Acho que sim (deve ser feita aliança PP-PSDB no Sul). Não em nome da minha candidatura, mas em nome de fortalecer as alianças políticas que temos no Brasil todo para disputar a eleição. Se depender de mim, eu recomendaria que fizesse (a aliança) - disse Serra, após palestra na Federação das Associações Comerciais do estado. - Acho que deve haver o máximo de empenho no sentido dessa aliança - completou.

Os dois partidos ainda não fecharam acordo para a disputa do governo gaúcho porque há divergência sobre a aliança também para a chapa dos deputados estaduais e federais. O PP quer coligação na disputa pelo Legislativo e o PSDB, não. A atual governadora, Yeda Crusius (PSDB), que tenta a reeleição, seria a candidata principal da chapa. Ontem, Serra se encontrou na Federasul com Yeda Crusius, que tenta recuperar sua popularidade após escândalo de corrupção no Detran, que derrubou quatro de seus secretários.

À tarde, em sabatina no Grupo RBS, Serra foi perguntado se era possível governar sem recorrer ao mensalão, tendo em vista os escândalos do PT no governo federal e do DEM no governo do Distrito Federal:

- Acho que é. É só o governo não fazer (mensalão). O governo não deixar, investigar, mandar investigar. Quanto ao mensalão do DEM, houve diferença: o responsável foi posto para fora do DEM. No caso do PT, o pessoal ficou lá.

A entrevistadora quis saber se era vergonhoso ter um ex-aliado (o ex-governador José Roberto Arruda) envolvido em escândalo. O tucano se irritou e chegou a dizer que ela estava agindo partidariamente.

* Enviado especial

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