quarta-feira, 5 de maio de 2010

Pedra no caminho:: Fernando de Barros e Silva

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

SÃO PAULO - Todos os problemas levam a Minas, onde, dizem muitos, a eleição poderá ser decidida. Até o lançamento da candidatura de José Serra, Minas era considerada, entre tantas, a maior pedra em seu caminho. A recepção calorosa de Aécio Neves ao colega paulista esvaziou, ao menos por ora, essa percepção.

Os petistas ainda torcem para que Minas e Aécio voltem a ser, mais adiante, o próprio inferno na Terra para Serra. Sonham com sua cristianização pelo aliado. O fato, no entanto, é que as coisas no último mês andaram a favor do tucano. Sua candidatura hoje parece mais sólida do que parecia em março.

Minas virou sobretudo um problema para Dilma Rousseff e para os petistas. A vitória de Fernando Pimentel sobre Patrus Ananias na prévia de domingo abre caminho para que o partido venha apoiar a candidatura de Hélio Costa ao governo do Estado, como deseja Lula.

Ocorre que neste roteiro forçado, no qual Pimentel sai candidato ao Senado, está prevista também a cristianização do nome do PMDB pelo PT local. Ou alguém acredita que a militância sairá às ruas animada para eleger Hélio Costa?

Há um custo político e há um custo moral na imposição de Lula ao PT mineiro. Não é apenas Fernando Pimentel que estará sendo sacrificado em nome do "projeto nacional". Com ele, sacrificam-se uma série de valores e referências históricas. Isso pode soar ingênuo diante do que o lulismo já foi capaz de fazer (e de esquecer), mas até que ponto vale esticar a corda para se equilibrar sobre o abismo da ética?

Hélio Costa é um típico representante do telepopulismo à moda antiga. Enquanto conseguiu, foi um fiel servidor da Rede Globo. Figura pomposa e hoje obsoleta, mais atrasado do que propriamente conservador, Costa encontrou no PMDB, a legenda que melhor exprime o vale-tudo da política brasileira, um espelho e uma casa para sua carreira tão repleta de ideias e de ideais.

Dilma faz, na sua terra natal, a opção clara pelo atraso. Pode ser um preço alto demais para ter o PMDB.

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