quarta-feira, 19 de maio de 2010

PT & PMDB, Inc. :: Fernando Rodrigues

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

BRASÍLIA - O PMDB formalizou a indicação do deputado Michel Temer como candidato a vice numa chapa encabeçada por Dilma Rousseff, do PT. Embora as convenções das duas legendas ainda precisem ratificar o casamento, a aliança hoje parece quase irreversível.

Trata-se apenas de um projeto de poder. Não há ideologia envolvida. Mas mesmo esse aspecto negocial e previsível não retira do acordo um ar de virada histórica. O PT nunca disputou o Palácio do Planalto apoiado, desde o início, por uma sigla tão forte como o PMDB.

Quem sempre ancorou as pretensões do PT foram seus militantes e a presença constante de Lula em todas as eleições pós-ditadura militar. Lula neste ano está fora. Parte considerável dos militantes aboletou-se em empregos públicos. Restou ao PT capitular ao establishment. O epítome da guinada é a joint venture com o PMDB.

A propósito da trajetória do PT rumo à centro-direita, o PP (ex-Arena, ex-PDS) só não entra na aliança dilmista porque não quer. Lula ainda tem esperanças de cooptar a sigla de Paulo Maluf.

A entrada do PMDB na coalizão petista é parte de um escambo. Os peemedebistas têm centenas de cargos no governo federal. Em troca, dão o seu precioso tempo de TV para o PT. Simples assim.

Há também oportunidade política. O PMDB embarca por ver perspectiva de poder no "projeto Dilma" -apesar de a sigla não ser especialista em vatícinios eleitorais.

O PMDB perdeu a eleição para presidente em 89 (com Ulysses Guimarães) e em 94 (Orestes Quércia). Em 98, ficou sem candidato. Em 2002, com José Serra (PSDB), registrou novo fracasso.

Agora a cúpula peemedebista considera ter acertado o passo. E se Dilma perder? Não tem problema. É só um negócio. O PMDB acabará participando do próximo governo. Não importa qual seja o governo.

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