sábado, 29 de maio de 2010

Serra promete acumular o governo com a Sudene

DEU NO JORNAL DO COMMERCIO

Presidenciável tucano aproveita ato das oposições para engordar a antiga coleção de promessas sobre a Sudene. Ele avisa que, eleito, acumulará a Presidência com o comando do órgão por seis meses

Cecília Ramos

Em um novo esforço de desconstruir a imagem de antinordestino, o pré-candidato do PSDB a presidente da República, José Serra, antecipou, ontem, na festa das oposições estaduais, no Chevrolet Hall, uma promessa inusitada. Se eleito, pretende acumular, durante seis meses, a função de presidente com a de superintendente da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). A promessa foi anunciada após todos os oradores discursarem. O último foi o pré-candidato ao governo do Estado, senador Jarbas Vasconcelos (PMDB). Serra, que já havia discursado por 33 minutos, pediu novamente a fala para firmar o compromisso e também criticar: “Falta planejamento para o Nordeste”.

A novidade não estava no roteiro do evento, mas Serra falou a Jarbas que anteciparia sua proposta sobre a Sudene no palco, instantes antes de o senador discursar. Depois, em entrevista, o presidenciável explicou que a intenção não era anunciar ali, mas que lhe “ocorreu a ideia”. “É um compromisso que não é de campanha. Hoje a Sudene não anda. Fecha, abre. É como se estivesse sempre inexistente. O que é que eu vou fazer?

Vou fazê-la andar”, prometeu o tucano, em entrevista.

Serra destacou à imprensa que foi “discípulo e colega” de Celso Furtado, o economista paraibano (falecido em 2004) que criou e foi o primeiro superintendente da Sudene. “Andei lendo tudo de novo a respeito dele (Furtado) e a questão do Nordeste, que mudou muito dele para cá. Então eu quero refazer aquela obra de maneira original. Nós vamos copiar o impulso do passado, mas a cópia é original”, disse o tucano.

Embora esteja desenvolto e à vontade diante das câmeras, nos debates e aparições públicas, José Serra – na visita de ontem – não estava no seu melhor momento. Fez um discurso “emperrado”, como classificou um aliado seu. Não fluiu. O tucano ia e voltava em temas, muito preocupado em agradar a plateia. Em boa parte do discurso foi propositivo e derramou elogios a Jarbas – sobretudo para defender que o “bom momento de obras vivido por Pernambuco hoje tem a palma” do senador. “Jarbas é conhecido por lutar contra unanimidades”.

Serra falou a maior parte do tempo que, se eleito, olhará para o Nordeste, embora não seja nordestino, como o presidente Lula, que nasceu em Caetés (Agreste de Pernambuco). Outra promessa que o tucano frisou foi manter o Bolsa Família e criar o Bolsa Estudante para bancar alunos em escolas técnicas. No mais, repetiu promessas feitas no Recife, há 15 dias, quando concedeu entrevista na Rádio Jornal. Entre elas, impulsionar obras federais em andamento, como a Refinaria Abreu e Lima, em Suape. O tucano aproveitou para cutucar: “A refinaria anda a passos de tartaruga”. E disse que a Ferrovia Transnordestina, que Lula visitará no mês que vem (trecho em Salgueiro), “não existe”. Também citou que continuará a Transposição do São Francisco, mas criticou que o governo atual “esqueceu projetos de irrigação”.

No palco, Serra lembrou como conheceu Jarbas e os aliados presentes (Marco Maciel, Sérgio Guerra e Roberto Freire). Contou que “ouviu falar” no nome de Jarbas quando estava no exílio (ficou 14 anos fora do Brasil). Mas só conheceu o peemedebista em 1979, quando veio ao Recife para o comício histórico em Santo Amaro que marcou o retorno do ex-governador Miguel Arraes, também exilado, ao País.

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