sábado, 15 de maio de 2010

Serra questiona corte anunciado por Mantega

DEU EM O GLOBO

Ministro da Fazenda reage dizendo que governo "não costuma fazer onda" e critica período do tucano FH

Rafael Galdo

O pré-candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra, perguntou ontem, no Rio, se não passa de espuma o corte de R$ 10 bilhões no Orçamento anunciados anteontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, com objetivo de conter pressões inflacionárias. A expressão foi usada pelo tucano ao dizer que não sabia onde seria aplicado o contingenciamento.

Não sei onde vão cortar.

Precisa ver se é corte de verdade ou se é espuma. Só então vou poder analisar disse Serra: Se tiver desperdício para cortar, tudo bem. Mas cortar coisas essenciais, não.

As declarações de Serra provocaram forte reação de Mantega, que aproveitou para fazer críticas ao governo Fernando Henrique. Em nota, o ministro afirmou que Serra podia ficar tranquilo, pois a redução era para valer, num momento de aquecimento econômico. Até o fim deste mês a pasta divulgará detalhes do corte de gastos.

Nós não costumamos cortar espuma, nem fazer onda. Tratase de um movimento anticíclico semelhante ao que fizemos em 2008, quando criamos o Fundo Soberano e poupamos R$ 14 bilhões, porque a economia já estava crescendo satisfatoriamente.

(...) O ex-governador de São Paulo deveria estar feliz por nosso governo estar fazendo superávit primário há sete anos e meio seguidos, ao contrário do governo anterior, do qual ele foi ministro do Planejamento, quando não se fez nenhum superávit primário, diz a nota.

Em março, o governo já havia anunciado contingenciamento de R$ 21,8 bilhões, diante da preocupação com a inflação.

Em entrevista à Rádio Tupi, Serra lembrou o período em que lutou contra o regime militar, apenas um dia após a propaganda partidária do PT na televisão ter destacado a participação de sua pré-candidata, Dilma Rousseff, na luta contra a ditadura.

Serra nega semelhança com a adversária Dilma O assunto surgiu após o radialista Francisco Barbosa afirmar que, pela primeira vez na história recente, o Brasil tinha candidatos a presidente (Dilma e Serra) com origens parecidas, por terem participado dos movimentos de resistência à ditadura.

O tucano questionou a semelhança, e continuou dizendo que foi no Rio que viveu alguns dos momentos mais difíceis de perseguição do regime, quando era presidente da UNE.

Sobre mudanças na Lei de Anistia para que os torturadores sejam punidos, rejeitadas mês passado pelo Supremo Tribunal de Justiça, Serra disse que o essencial é abrir as informações sobre o período. Disse que modificar a lei implicaria novas investigações contra os oposicionistas do regime que tivessem cometido atos de violência.

Já quanto à manutenção de seu tom cordial com o presidente Lula, Serra seguiu lembrando o período da ditadura e fez menção à música Nervos de aço, de Lupicínio Rodrigues.

Já ouviu Lupicínio Rodrigues? Eu tenho nervos de aço disse: Fui interrogado na ditadura e fui condenado.Voltei ao Brasil depois que prescreveu minha condenação. Depois, quando queria sair de novo do país, precisava de passaporte.

Para isso, fui interrogado dois, três dias seguidos, por 12 a 16 horas, imaginando que eu cairia em contradição. Impossível eu cair em contradição.

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