terça-feira, 4 de maio de 2010

Tão iguais, tão diferentes:: Eliane Cantanhêde

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

BRASÍLIA - O que Lula, Michelle Bachelet e Alvaro Uribe têm em comum? Lula é classificado como "de esquerda" e seu governo vive alfinetando os EUA. Bachelet é de "centro esquerda" e convivia razoavelmente bem com Washington. E Uribe é "de direita" e dependia de Bush como depende de Obama.

Mas os três têm altos índices de popularidade, mais de 70%. Quando o candidato de Uribe, Juan Manuel Santos, é ultrapassado pelo adversário Antanas Mockus a um mês das eleições do dia 30, na Colômbia, isso remete ao que ocorreu no Chile e projeta ainda mais dúvidas na sucessão no Brasil.

Santos era ministro justamente da Defesa num país em que o combate às Farc é quase uma obsessão e catapultou Uribe à condição de um dos presidentes mais populares da região. Apesar disso, quem dispara é Mockus, do PV, matemático, filósofo, ex-reitor de universidade e duas vezes prefeito de Bogotá.

Repete-se assim, mas com sinal trocado, o que aconteceu com Bachelet, que era a queridinha do Chile, mas não fez o seu sucessor. Eduardo Frei, ex-presidente da República, perdeu para o grande empresário Sebastián Piñera. E Lula? Vai eleger sua ex-ministra Dilma Rousseff ou passar a faixa para José Serra ou Marina Silva?

Petistas e agregados têm certeza de que a popularidade de Lula fará o que a de Bachelet não fez e a de Uribe não está sendo capaz de fazer, porque Lula é Lula. E os tucanos creem que a eleição brasileira vá seguir o rastro das do Chile e da Colômbia, porque Dilma é "pesada", como Frei e como Santos, e os mais de 70% do presidente contam, mas não definem.

Depende.

Nem Bachelet nem Uribe, apesar de igualmente aprovados, chegam a ser tão endeusados quanto Lula se faz no Brasil. E nenhum dos dois mergulhou na campanha como Lula na de Dilma. Logo, há traços coincidentes e práticas diferentes. O que ocorre lá pode até se repetir aqui, mas não necessariamente.

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