segunda-feira, 14 de junho de 2010

Alckmin ataca quem 'zomba da Justiça'

DEU EM O GLOBO

No lançamento oficial de sua candidatura ao governo paulista, tucano alfineta PT e condena campanha antecipada

Gilberto Scofield Jr.

SÃO PAULO. Numa convenção estadual cujo único momento excitante foi um tumulto envolvendo o vereador Ricardo Montoro e o ex-secretário Andrea Matarazzo - barrados pelos seguranças da área reservada a autoridades -, o PSDB de São Paulo fez ontem o lançamento oficial da candidatura de Geraldo Alckmin para o governo paulista. A chapa de sete partidos inclui os nomes de Guilherme Afif Domingos (DEM) para vice-governador e os do ex-governador Orestes Quércia (PMDB) e do ex-secretário da Casa Civil Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) para o Senado.

Ainda que todos esperassem que o candidato tucano à Presidência, José Serra, mantivesse o tom agressivo de seu discurso de anteontem, quando foi anunciado o candidato oficial do PSDB à Presidência, coube à Alckmin espetar o PT e sua candidata, Dilma Rousseff. Sem fazer qualquer menção a nomes, Alckmin afirmou que o país precisa de um presidente que não seja "carona" e tenha "experiência e densidade administrativa".

Ao mesmo tempo, criticou aqueles que "preferem fazer intriga, desrespeitar a lei e antecipar campanha", numa alusão ao PT. O presidente Lula já foi multado cinco vezes neste ano pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por propaganda eleitoral antecipada. Dilma Rousseff foi multada duas vezes.

- Vamos levar Serra à Presidência porque ele anda com as próprias pernas. O Brasil exige um presidente com história, com prática, com experiência, com currículo verdadeiro, com história política comprovada, com densidade administrativa. Meus amigos, quem quer dirigir o Brasil não pode andar na garupa. Porque quem pega carona e vai na garupa não guia, não breca, não acelera, não conduz. José Serra será nosso comandante. E vai ser eleito não por ser ajudante, mas por ser titular de suas próprias competências - disse Alckmin, prometendo ser um "soldado de Serra em São Paulo".

Após relatar os feitos do PSDB em 16 anos à frente do governo paulista ("Cada tucano que assume o governo inova, amplia, avança. Esse é o segredo dos nossos governos", afirmou), o candidato do PSDB ao governo de São Paulo soltou suas farpas para o governo petista, acusado de preferir as intrigas e antecipar ilegalmente a campanha:

- Tenho andado pelos quatro cantos de São Paulo trabalhando, ouvindo as pessoas, vendo as obras e as conquistas de um estado que o PSDB sempre fez avançar. Alguns não querem entender isso. Preferem fazer intriga, desrespeitar a lei, antecipar a campanha, zombar da Justiça e das instituições. Mas nós temos pouco tempo para bate-boca, para responder a ódios e ofensas, para nos preocuparmos com inferências tolas e chavões marqueteiros - disse Alckmin.

Mais tarde, em entrevista aos jornalistas, o candidato tucano afirmou que espera que atual corrida eleitoral seja "de bom nível" e que o foco seja a discussão de programas, "sem dossiês, sem aloprados".

O candidato do PSDB a presidente da República, José Serra, também compareceu à convenção estadual do PSDB. Mas, ao contrário dos ataques aos adversários que fez na convenção nacional em Salvador um dia antes, desta vez o ele optou por um discurso mais voltado para a militância local do emaranhado de partidos que sustentam a campanha tucana no estado.

Em defesa da união dentro do PSDB

Serra buscou passar uma imagem de que o PSDB não é um partido dividido, elogiou Alckmin e, ao se referir a prefeitos do estado, disse que seu governo buscou trabalhar com todos os partidos sem discriminações:

- Temos todos os discursos de prefeitos de várias cidades de São Paulo falando da cooperação do governo estadual, inclusive do PT. Atendemos a todos os prefeitos, sem discriminação, não para fazer cooptação política - afirmou Serra, para logo avisar, antes que algum prefeito pudesse se assustar com alguma gravação menos discreta, que os discursos não serão usados na campanha.

O presidente estadual do PSDB, Mendes Thame, fez ironia com o PT ao descrever as qualidades de Alckmin:

- Em todos os cargos, Alckmin capitalizou e enriqueceu seu patrimônio moral, seu patrimônio ético e construiu um portfólio de realizações concretas para melhorar a vida dos paulistas.

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