domingo, 20 de junho de 2010

A bagunça decide :: Janio de Freitas

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

A desordem partidária e eleitoral desce a um nível sem precedente, mal começada a corrida

A relação dos partidos que não se satisfazem com uns quantos pretendentes a vereador e deputado, e lançam candidatos à Presidência da República, passa de cômica a indicadora do desatino que é o processo eleitoral, e com ele o sistema partidário, no Brasil. Entre os cem milhões de eleitores, quantos saberemos o que representam, ou sequer que existam, o PTC, o PSDC, PRTB, PHS, PSTU, PSL, PCO?

A presença de 13 candidatos a presidente não indica oportunidades eleitorais democráticas. Decorre, isto sim, da falta de um sistema partidário seletivo que encaminhe ao eleitorado um número racional de opções, sem deixar aos eleitores a tarefa impossível de conhecer os candidatos para decidir com qual, de fato, se identifica.

O resultado do desregramento é que a seleção dos candidatos com chances se faz por métodos antidemocráticos: mais dinheiro disponível, transações espúrias entre partidos, condições de maior exposição favorável nos meios de comunicação, recursos assim fabricando bases mais negociais do que eleitorais. Tudo depois refletido no governo, pelo vencedor, como retribuição. Ou pagamento.

Neste ano, a desordem partidária e eleitoral desce a um nível sem precedente, mal começada a corrida de candidatos. Está instalada a bagunça. Anulados todos os resquícios de identidade e de conexão a segmentos de eleitores, os partidos entregaram-se ao vale tudo desabrido. Em alguns estados o PMDB é aliado do PSDB, em outros é do DEM, em mais outros é do PT, no Rio Grande do Sul não tem aliança.

Em Minas recebeu de Lula o apoio forçado dos petistas mas não contará com eles nas urnas. Ainda em Minas, propagam-se os acertos para o voto embaralhado: para presidente, no candidato de um lado; para governador, no de oposição àquele. Os comunistas durões do PCdoB negociam seu enlace com os neoliberais do PSDB no Maranhão. No Paraná, o vale tudo vale nada. Em Santa Catarina, as traições e a mixórdia fazem a regra. Assim está todo o Brasil eleitoral. Nenhum partido tem cara. Logo, é muito difícil que seus candidatos aos cargos estaduais possam tê-la. Como ocorre aos candidatos à Presidência pré-fabricados pela bagunça das transações partidárias e pelos marqueteiros que os tratam como produtos de supermercado.

E desse modo estamos a caminho, mas não caminhando, de um novo presidente da República e de novos governadores.

GANHO ZERO

A propósito de marqueteiros: ininteligível a ideia que levou Dilma Rousseff à Europa, com uma delegação de câmeras, maquiadora, repórter, secretaria e assessores diversos. Tudo para posar em encontros com um o outro dirigente europeu, ela e eles obviamente sem ter o que se dizerem.Se alguém supôs que mostraria Dilma como prosseguidora de Lula no plano internacional, mostrou-a apenas em situações de um ridículo oneroso. Ganho, nenhum.

A CARA


Não há dúvida: sucesso onde quer que vá, quem faz é Marina Silva.

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