quarta-feira, 2 de junho de 2010

Itamar rejeita vice tucana

DEU NO ESTADO DE MINAS

Ex-presidente ironiza a possibilidade de integrar a chapa do ex-governador paulista, mas lembra que o ideal seria ter um mineiro na vaga. Nome de Jereissati é sugerido

Ricardo Beghini

Com poucas palavras, o ex-presidente Itamar Franco (PPS), que disputa uma das duas cadeiras de Minas no Senado, rechaçou ontem, em Juiz de Fora, a possibilidade de integrar a chapa do tucano José Serra (PSDB), como candidato a vice-presidente da República. “Os serristas podem estar tranquilos, pois não sou e nem serei a pessoa para compor tal chapa”, alfinetou. O nome de Itamar foi lembrando por Aécio Neves (PSDB), em Janaúba, Norte de Minas, na segunda-feira. No mesmo evento, o ex-governador ressaltou, por outro lado, que a escolha de um mineiro como integrante da chapa tucana não deve ser encarada como uma obrigatoriedade.

Itamar deu a entender que conhece as origens da forte resistência que o nome dele enfrenta por parte dos correligionários paulistas de José Serra. O ex-presidente destacou também a importância da presença de um mineiro na chapa encabeçada pelo PSDB. “Entendo que a chapa do ex-governador de São Paulo clama pela mineiridade, que não é uma questão formal nem territorial, mas algo de fundo, que expressa o sentido de ser autêntico”, declarou.

Presidente da República, entre 1992 e 1994, após o impeachment de Fernando Collor (PTB), e governador de 1999 a 2002, o nome de Itamar, de 79 anos, começou a ser cotado para compor a chapa de Serra em dezembro do ano passado, quando Aécio anunciou a desistência de disputar as eleições para o cargo maior da República. Itamar, que até o ano passado ocupava a presidência do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), era um dos maiores entusiastas da candidatura do ex-governador.

O ex-presidente, em outra frente, fazia duras críticas ao tucanato paulista pela demora na definição de um nome para concorrer ao Palácio do Planalto. No início do ano, Itamar chegou a dizer que a oposição ao governo Lula estava correndo risco de perder a disputa por WO. Na época em que Serra e Aécio figuravam como pré-candidatos tucanos, ele também reclamou da postura do paulista, que, segundo ele, atuaria mais nos bastidores, enquanto Aécio jogava abertamente.

O ex-presidente chegou até a alfinetar o governador paulista em relação à paternidade dos medicamentos genéricos. De acordo com ele, a ideia foi de Jamil Haddad, ministro da Saúde de seu governo, que durou 28 meses. Itamar, que estava sem partido desde 2006, se filiou ao PPS em julho do ano passado. A escolha da legenda não ocorreu por acaso. O principal nome do PPS, o deputado federal Roberto Freire, foi líder do governo na Câmara durante a gestão do ex-presidente. Itamar se tornou vice-presidente do partido e defendeu internamente a candidatura de Aécio à Presidência.

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