terça-feira, 29 de junho de 2010

Líder tucano diz que crise com DEM pode 'comprometer a nossa vitória'

DEU EM O GLOBO

PSDB insiste em chapa puro-sangue; sigla aliada mantém rejeição a Álvaro Dias

Adriana Vasconcelos, Flávio Freire e Sílvia Amorim

BRASÍLIA e SÃO PAULO. Apesar dos esforços de parte a parte para tentar contornar a crise deflagrada entre PSDB e DEM - por causa da vaga de vice na chapa do candidato tucano à Presidência, José Serra -, o clima entre representantes dos dois partidos continuou tenso ontem. Políticos dos dois lados entraram em campo ontem para tentar diminuir a tensão, mas setores do DEM insistem em não aceitar a escolha do senador tucano Álvaro Dias (PR) - e ameaçam nos bastidores deixar a coligação.

O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), fez ontem um alerta, em entrevista à Rádio CBN. Disse que a vitória da oposição nas eleições presidenciais deste ano pode ser comprometida se continuar o impasse.

- Temo que tenhamos, neste episódio, atuado para comprometer a nossa vitória. Não é a questão de um partido ter o apoio do outro. Já votamos com o Democratas, e o Democratas vota conosco há muitos anos. O problema é ter unidade, tranquilidade, e uma solução construtiva para a luta que enfrentaremos - disse Guerra.

Numa resposta indireta ao ultimato que o DEM prometia dar aos tucanos ontem, ameaçando não formalizar a aliança na convenção nacional marcada para amanhã, Sérgio Guerra disse que o PSDB fez só uma sugestão ao indicar o nome de Álvaro Dias:

- Não houve anúncio de vice. Houve sugestão de um nome. Porque o senador tem uma liderança de qualidade, é um dos senadores mais bem aprovados do Brasil, tem uma presença no Congresso que todo mundo valoriza. É um excelente candidato a vice-presidente, porque fala bem, explica bem e conhece bem. Além do mais, significaria a consolidação de uma vitória grande que esperamos ter no Sul do país, de uma maneira geral, e no Paraná, em particular.

Guerra : "solução é manter Álvaro"

No PSDB, a substituição de Álvaro Dias era considerada impossível até ontem à noite. Mas os tucanos admitem rever a situação de alguns palanques estaduais ainda conflagrados, como Pará e Goiás.

- A solução é manter o Álvaro Dias e discutir uma consolidada concessão nos estados - afirmou Guerra.

O PSDB avalia que uma saída do DEM da coligação também traria danos ao aliado, que perderia o apoio dos tucanos em Santa Catarina, Bahia e Sergipe. Os tucanos veem esse cenário como a grande moeda de troca para convencer o DEM a ficar na aliança, mesmo com a oficialização da chapa puro-sangue.

O DEM, porém, continuava irredutível até o início da noite de ontem, quando estava previsto um encontro entre o presidente nacional do partido, deputado Rodrigo Maia (RJ), e Serra. Essa reunião só aconteceria se os dirigentes de DEM e PSDB chegassem antes a um acordo.

Em nota, o líder do DEM, José Agripino (RN), atuou como bombeiro para amenizar o clima de confronto com os tucanos: "Na relação entre o DEM e o PSDB não pode haver ultimatos nem fatos consumados. A história de parcerias e reciprocidades entre os dois partidos recomenda a superação das divergências pelo diálogo e pela determinada busca do entendimento".

Rodrigo Maia procurou mostrar empenho na busca por um entendimento. Mas disse que teria "um diálogo firme" com os tucanos, para mostrar a insatisfação de seus liderados.

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