sábado, 19 de junho de 2010

Lula entre a campanha e a Copa :: Villas-Bôas Corrêa

DEU NO JORNAL DO BRASIL

A Copa do Mundo na África do Sul não apenas interrompeu a campanha eleitoral, também dispersou candidatos e seus mais ilustres líderes para os quatro cantos do mundo. A candidata do presidente Lula, Dilma Rousseff, coerente com o seu desinteresse pelo mais popular esporte do mundo, viajou para a Europa e está cumprindo uma agenda de quem se considera eleita e visita presidentes e soberanos com a elegância do guarda-roupa abrilhantado com luxo e requinte para a posse.

Peladeiro desde o tempo de rapaz, quando fez o curso no Senai e entrou para o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, o corintiano em São Paulo e flamenguista no Rio – não por coincidência os clubes mais populares do Brasil – recepcionou a Seleção, em Brasília, no Palácio, e justificou não ser necessária sua presença em Joanesburgo. O seu anjo da guarda estava atento e soprou nos ouvidos o conselho da prudência. A Seleção de Dunga é ainda uma interrogação. Os seus exageros como técnico que cultiva o mistério, o isolamento, como tempero para o treinamento de jogadas traçadas com régua e compasso, é mais uma mandinga do que um método original e que deve ser preservado da bisbilhotice dos adversários.

E não é só. O Maracanã, como alertava o meu saudoso amigo Nelson Rodrigues, vaia até minuto de silêncio. Lula não pensou duas vezes para adiar uma possível presença na Copa no jogo final, com a nossa Seleção classificada para disputar o hexacampeonato. E, até agora, acertou no olho da mosca. Hoje a nossa torcida é para que Dunga corrija as muitas escalações que estão fracassando.

Do craque Kaká – que já foi eleito o melhor jogador domundo – resta o erro de Dunga em não ter convocado o Ronaldinho Gaúcho.

Até o final da Copa, em 11 de julho, em Joanesburgo, Lula terá tempo e resposta às suas dúvidas. Com a sua candidata liderando as pesquisas, não resistirá à tentação de enfrentar a barulheira das vuvuzelas e as falhas da Seleção de Dunga .

O candidato da oposição, o tucano José Serra, não deve disputar o duelo de aplausos e apupos com o presidente Lula.

E convém parar por aqui, antes que o coração cobre a conta dos 86 anos. Sem alimentar inúteis expectativas até a Seleção acertar passes e o caminho do gol contra a frágil Costa do Marfim, classificando-se para as oitavas de final.

O presidente Lula, os candidatos, líderes deveriam aproveitar a folga até a retomada da campanha para valer, com uma revisão dos erros e até dos acertos dos dois mandatos do maior líder popular da história deste país: Brasília pede socorro, enquanto é tempo, se é que ainda há tempo.

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