quinta-feira, 24 de junho de 2010

O lance de Serra ao destacar Armínio como exemplo de nome para a área:: Jarbas de Holanda



Resposta de José Serra – na entrevista às páginas amarelas da última edição da Veja – ao pedido do exemplo de um economista que ele admira: “Olha lá! Não estou fazendo nenhuma nomeação antecipada. Mas teria muitos exemplos. Um deles? O Armínio Fraga, como perfil. Sabe economia, é pragmático, não doutrinário. Soube navegar em mar revolto e deu enorme contribuição à estabilidade econômica do país ao instituir o regime de metas de inflação”. O pedido de exemplo seguiu-se a uma pergunta sobre o perfil de seu ministro da Fazenda.

Apontando tal exemplo, independentemente da admiração que de fato tenha por Armínio Fraga, o que Serra certamente buscou foi diluir o efeito negativo de explícita manifestação contrária à autonomia do Banco Central, formulada cerca de um mês atrás. Com a qual ele ampliou críticas que sempre dirigiu à política monetária. E que imediatamente foi aproveitada pela adversária Dilma Rousseff para a disseminação no mercado financeiro, interno e externo, de desconfiança e receio em relação ao candidato oposicionista (numa manobra tática em que a ex-chefe da Casa Civil trocou a contestação às decisões do BC, que fazia habitualmente, por enfática defesa de sua autonomia). Da parte de José Serra, nada mais eficiente para o descrédito dessa desconfiança do que o destaque, como perfil de um gestor de política econômica em seu governo, da figura de Armínio Fraga, associado tanto quanto o é hoje Henrique Meirelles à autonomia e à boa condução do Banco Central.

E a queda dos juros é avaliada na entrevista como consequência da aplicação de bons fundamentos macroeconômicos, na resposta a outra pergunta: “Como seria a política econômica em um eventual governo Serra?”. “A manutenção da estabilidade é inegociável. Isso significa manter a inflação baixa. Com a combinação dos regimes fiscal, monetário e cambial, caminharíamos sem rupturas para um ambiente macroeconômico cujo resultado inevitável seria a trajetória descendente dos juros. Uma taxa de juros menor é, aliás, condição para atrair mais investimentos privados destinados à infraestrutura, sem ter de dar os subsídios que hoje distorcem o processo. Quanto mais alta a taxa real de juros, maior é a taxa interna de retorno exigida pelos investidores em infraestrutura. Para compensar o juro alto, o governo é obrigado a dar subsídios”.

Política externa – A entrevista à Veja ensejou também a José Serra fazer uma condenação, precisa e contundente, da atual política externa do país - inspirada pelo ideologismo esquerdista, voltada à busca, a qualquer preço, de protagonismo internacional para o presidente Lula e caracterizada pelo respaldo a governos ditatoriais e belicistas, como o do Irã dos ayatolás e de Ahmadinejad, ou como o da Venezuela dominada pelo populismo antimercado e liberticida de Hugo Chávez. Condenação estendida implicitamente aos apoia-dores dessa política, como a candidata do lulismo, Dilma Rousseff. E que a revista destaca na abertura da matéria: “Hoje me choca ver gente que sofreu sob a ditadura no Brasil cortejando ditadores que querem a bomba atômica, que encarceram, torturam e matam adversários políticos, fraudam eleições, perseguem a imprensa livre, manipulam e interveêm no Legislativo e no Judiciário. Isso é incompatível com a crença na democracia e o respeito aos direitos humanos”.

É jornalista

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