quarta-feira, 30 de junho de 2010

Perguntado sobre autonomia do BC, Serra diz que 'vai ficar como está'

DEU EM O GLOBO

Tucano afirma que vai nomear "gente entrosada" na equipe econômica

Natanael Damasceno

O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, afirmou ontem que, embora ache que o Banco Central (BC) deva estar afinado com a equipe econômica, não vai acabar com a autonomia do órgão se for eleito. No segundo programa da série “Míriam Leitão Especial”, exibido ontem à noite na GloboNews, ao falar de economia, o tucano voltou a fazer críticas a medidas tomadas pela equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

— (O BC) Vai ficar como está.

O presidente é responsável pela nomeação do presidente do Banco Central, pelo ministro da Fazenda, pelo ministro do Planejamento.

O que eu vou fazer é botar gente entrosada, e não um atirando contra o outro. Isso é a pior coisa em matéria de política monetária e de política fiscal. Essas coisas não são independentes — afirmou Serra, respondendo se manteria a autonomia do BC.

O candidato destacou a importância de nomear pessoas com o mesmo pensamento para a condução da política econômica: — O que você faz com impostos e gastos é crucial para o rumo da macroeconomia. O que vou fazer é nomear uma equipe de qualidade, que pense parecido a respeito das necessidades de manter a inflação baixa, estabilidade, desenvolver o país, e fortalecer a produção.

Serra também falou sobre a carga tributária, o papel do Estado na economia e a necessidade de aumentar o superávit.

— Estou convencido que o Brasil tem a maior carga fiscal do mundo em desenvolvimento.

Atrapalha a economia. E estou convencido que é possível diminuí-la à medida que os gastos cresçam menos que a economia. Acho que você pode adotar medidas tributárias de eficácia sem mexer na Constituição — disse Serra, exemplificando com a Nota Fiscal paulista, programa de incentivo criado durante seu governo em São Paulo.

Segundo o candidato, além de diminuir os impostos quando possível, é preciso aprovar uma lei, já prevista na Constituição, que dá visibilidade aos impostos, para que o consumidor saiba o quanto está pagando.

Serra voltou a afirmar que o Estado é pouco eficiente porque as agências reguladoras foram entregues aos partidos da base aliada do governo através de indicações políticas.

Segundo ele, em seu governo não haverá espaço para este tipo de negociação.

Sobre as pesquisas de intenção de votos, que mostram o crescimento de sua principal adversária, a petista Dilma Rousseff, ele disse que não está preocupado.

— Essa vai ser uma eleição disputada. É como uma final de Copa do Mundo, você não pode esperar ganhar de goleada sempre. O importante é que, depois da Copa, a campanha vai realmente acelerar.

Depois do horário eleitoral é que a campanha ganha perfil.

Por enquanto são retratos instantâneos.

“Pesquisas têm menos importância do que parecem” Para o candidato, só depois da campanha o eleitor irá cristalizar sua opinião: — As pesquisas têm menos importância do que parece, ao menos nos períodos muito antecipados, porque os eleitores só vão formar sua cabeça mais adiante.

Sobre a revisão do Código Florestal, que neste momento está sendo discutida no Congresso, o candidato se disse a favor do desmatamento zero.

Segundo ele, porém, algumas das mudanças propostas poderiam ser estudadas. O tucano defende o adiamento da discussão para depois das eleições.

— Eu queria examinar mais detidamente estando no governo.

O Brasil é um país homogêneo.

Não pode ser tudo igual.

Ao mesmo tempo, você não pode abrir caminhos para consagrar abusos que foram feitos, inclusive em períodos recentes.

Além de Serra, a jornalista entrevistou, na semana passada, a candidata do Partido Verde, Marina Silva. Dilma também foi convidada, mas não quis participar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário