terça-feira, 8 de junho de 2010

Reflexão do dia – Marco Antonio Villa



"A discussão sobre a 'mexicanização' política do Brasil (não a novelesca) é antiga. Em 1970, após a grande vitória da Arena, falou-se em mexicanização. Disseram que a Arena era o PRI. Em 1986 falaram que o PMDB era o PRI, após a vitória cachapante de novembro. Nem a Arena ou o PMDB tiveram qualquer semelhança com o PRI. O PRI era um partido de Estado e que carregava a mística da Revolução de 1910. Surgiu em 1929 (como PNR) com o objetivo de institucionalizar a revolução, evitando que os caudilhos empurrassem a política para ser resolvida nos campos de batalha. Virou PRM durante o sexênio de Lázaro Cárdenas e PRI durante o mandato de Ávila Camacho. Dominou a cena política até 2000 com uma estrutura de partido única na América Latina (a filiação não era individual mas por organizações).

No Brasil nunca tivemos algo do gênero. O PT também não é o PRI. Mas poderemos ter uma mexicanização à brasileira com o PT, caso vença as eleições de outubro. O PT funcionaria como o partido que daria a coloração ideológica para a base. Não seria o partido hegemônico, mas aquele que daria organicidade ao bloco do poder, que teria, na partilha do Estado, a liderança do PMDB. Poderia combinar crescimento econômico, atendimento das demandas de várias classes e suas frações e paulatino asfixiamento das liberdades (que Lula tentou mas não conseguiu).
"



(Marco Antonio Villa, no blog do Villa, em 7 de junho de 2010.)

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