quarta-feira, 16 de junho de 2010

Temer ameaça intervir no PMDB de Santa Catarina

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Presidente do diretório desistiu da candidatura a governador e se aliou ao DEM e ao PSDB de José Serra

Christiane Samarco e Malu Delgado

Inconformado com a traição do presidente do PMDB de Santa Catarina, Eduardo Pinho Moreira, que desistiu da candidatura a governador e se aliou ao DEM e ao PSDB do presidenciável José Serra, o presidente nacional do partido e vice na chapa petista ao Palácio do Planalto, Michel Temer, deu o troco. Ou a regional catarinense desiste de se aliar à oposição, ou a direção nacional decreta intervenção no diretório estadual.

Em pleno voo a caminho da Europa ontem à noite, Temer desmontou a articulação de Pinho Moreira e do ex-governador Luiz Henrique da Silveira, que haviam anunciado a aliança na véspera. Menos de 30 horas depois, a Comissão Executiva Nacional do PMDB reuniu-se ontem à noite em Brasília, a pedido de Temer, para desmontar o acerto catarinense.

Antes de embarcar, o vice da petista Dilma Rousseff avisara que não aceitaria ser "desmoralizado", depois de promover um encontro de Pinho Moreira com a candidata do PT à Presidência, na semana passada. Duas horas depois da vitória do Brasil sobre a Coreia do Norte, pela Copa do Mundo, na África do Sul, o PMDB reuniu 13 representantes da direção nacional para deliberar sobre o caso.

Convocação. Suplente da Executiva, a deputada Rose de Freitas (PMDB-ES) foi convocada para votar à última hora e chegou disposta a aprovar a intervenção. Explicou que foi Pinho Moreira quem teve a iniciativa de se lançar candidato ao governo e depois seguiu para Brasília para fazer um acordo. "Do jeito que ele fez não é bonito e não dá para aceitar", afirmou Rose, dizendo que não é favorável a medidas de força extremada, sobretudo na política. "Mas acordos partidários com a participação da cúpula e do presidente da República, referendando uma aliança sinalizada pelo comando do partido, têm de ser respeitados."

Defesa. Vice-presidente do PMDB catarinense, o deputado João Matos compareceu à reunião e ainda tentou argumentar contra a intervenção, explicando que a própria regional fora surpreendida com a decisão unilateral de Pinho Moreira. A regional catarinense está rachada em três, já que uma parcela quer a candidatura própria, outra apoia Dilma e uma terceira ala prefere Serra.

Diante da ponderação de que a bancada estadual tem posição diversa da tomada por Pinho Moreira, a Executiva decidiu dar prazo até amanhã para o Diretório Estadual discutir a questão e se manifestar. A palavra final da Executiva Nacional será dada em nova reunião na próxima terça-feira. A expectativa é de que Pinho Moreira deixe o comando do PMDB catarinense.

Deslealdade. O presidente do PT, José Eduardo Dutra, considerou uma deslealdade a conduta de Pinho Moreira. Ele fez cobranças diretamente a Temer e ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Ambos garantiram aos dirigentes petistas que foram surpreendidos pela decisão. Sarney, em telefonema a Dutra, informou que iria propor a reunião de emergência para garantir a intervenção no diretório catarinense.

Ao mesmo tempo, dirigentes do PMDB do Estado telefonaram para a senadora Ideli Salvati, candidata petista ao governo de Santa Catarina, prestando solidariedade. "O PT vai buscar as bases do PMDB no Estado e nós vamos apostar no racha do partido lá", disse Dutra.

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