quarta-feira, 2 de junho de 2010

Um partido, um projeto :: Fernando Rodrigues

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

BRASÍLIA - A prioridade do PT é eleger Dilma Rousseff sucessora de Lula no Palácio do Planalto. O resto é o resto. O partido está sendo subjugado em vários Estados. Só pensa no objetivo maior.

Apesar de ter o presidente da República mais bem avaliado desde o fim da ditadura militar, o PT não terá candidato próprio aos governos de Estados relevantes como Rio de Janeiro e Paraná.

Em São Paulo, a candidatura de Aloizio Mercadante é tratada como inviável por muitos caciques da sigla. Fala-se apenas numa preparação para a eleição da prefeitura paulistana em 2012.

O caso mais emblemático dessa nova fase petista é Minas Gerais. O partido tem um postulante ao governo mineiro, Fernando Pimentel. A direção nacional pretende apoiar o nome do PMDB, Hélio Costa, em troca dos minutos peemedebistas a favor de Dilma na propaganda eleitoral para presidente.

O curioso (ou revelador) nesse caso é que Fernando Pimentel talvez seja o único candidato competitivo do PT em disputas por governos estaduais no Sudeste. Minas Gerais tem 14,4 milhões de eleitores. Só está atrás de São Paulo.

Essa novela mineira petista ganhará dramaticidade nos próximos dias. Um grupo do partido pretende resistir à pressão de Lula. O caso é peculiar também porque o preterido Pimentel é amigo pessoal de Dilma Rousseff desde os tempos da luta armada, quando ambos acabaram presos pela ditadura militar.

O PSDB conhece esse tipo de impasse. No Planalto, FHC cedeu ao PFL (hoje DEM) em troca de apoio eleitoral no plano nacional. Em 1998, na reeleição do tucano, os pefelistas faturaram a maior bancada de deputados federais.

A história depois é conhecida. O PSDB ficou oito anos no poder e fragilizou-se nos Estados. O PT pode ter sucesso agora no projeto quase único de eleger Dilma. Mas um partido não sobrevive muito tempo sem ser forte nos Estados.

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