sexta-feira, 23 de julho de 2010

Criador e criatura :: Roberto Freire

DEU NO BRASIL ECONÔMICO

Desde que Dilma Rousseff foi lançada candidata pelo PT, quase dois anos antes do calendário estipulado pela Justiça Eleitoral, o governo não fez outra coisa que achincalhar a Lei e o Poder Judiciário. E não apenas no que diz respeito à Justiça Eleitoral.

Para dar alguma função à criatura, o criador buscou, inclusive, tornar inoperante o próprio Tribunal de Contas da União (TCU) quando este suspendeu mais de 30% das obras do PAC por uma série de irregularidades, sendo a mais comum o sobrepreço das obras.

Criador e criatura cruzaram o país em todas as direções levando a boa nova, e ao fazê-lo atravessaram as fronteiras da legalidade, buscando não apenas coagir o Judiciário, mas calar o Legislativo.

Assim, impôs sua candidata não apenas a seu partido, por meio de uma "dedada", ao estilo coronelesco do PRI mexicano, como também deu vida à sua criatura de forma ora dissimulada, ora aberta, nas várias inaugurações de coisa nenhuma, em que varreu o país, nesses últimos dois anos, arrastando-a como um símbolo de eficiência e boa gestão.

Um governo basicamente movido por um intenso processo de marketing e propaganda, cujas verbas tem alcançado somas estratosféricas, sem falar do auxílio luxuoso das estatais, que anunciam um novo horizonte.

Que basicamente deu prosseguimento, aprofundando as conquistas sociais de governos passados e mudando apenas os nomes dos projetos.

Mas sem mudar em nada as adversas condições de nossa capacidade competitiva, ou a matriz de nossas exportações, assentadas em commodities.

Agora, quando de fato começa a campanha eleitoral, e mesmo que durante muito tempo a Justiça tenha assistido calada seus arreganhos e abuso do poder que o cargo lhe conferia, fazendo campanha aberta para sua criatura desde 2007, tenta, mais uma vez, pousar de vítima de funcionários no cumprimento do dever.

Isso ficou claro com a tentativa de constrangimento ao trabalho de Sandra Curreau, vice-procuradora-geral eleitoral, ameaçando ingressar no Conselho Nacional do Ministério Público por ter a funcionária apontado possível mau uso da máquina pública.

Toda vez que se vê denunciado pela fabricação de dossiês, invasão criminosa de privacidade de cidadãos, seja bancária, no caso Fracenildo Pereira, um simples caseiro, ou fiscal, como agora, com Eduardo Jorge, vice-presidente do PSDB. Sem falar da ação de "aloprados" que operam a partir da estrutura do Estado, em que o governo ameaça os opositores e agentes do Estado, repetindo a tática comum de que a melhor defesa é o ataque, buscando a cômoda posição de vítima.

Esta tática é apenas um diversionismo ante os números catastróficos dos índices de violência e insegurança que a sociedade vivencia em seu dia a dia, ou o precário serviço de saúde e de educação que é oferecido ao nosso povo.

Quanto a isso não será a mágica do marketing que nos redimirá, nem superará nossas deficiências estruturais como materializadas no "custo-Brasil", mas um novo projeto de país e nação que temos que materializar em outubro.


Roberto Freire é presidente do PPS

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