sexta-feira, 30 de julho de 2010

Em comício com Dilma, Lula ataca a elite

DEU EM O GLOBO

"A direita tentou dar golpe a cada 24 horas para não permitir que as forças democráticas pudessem continuar"

Leila Suwwan
Enviada especial


PORTO ALEGRE e SANTA CRUZ DO SUL (RS). Em comício no ginásio Gigantinho de Porto Alegre lotado, ao lado da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, o presidente Lula acusou a elite brasileira de tentar dar um golpe a cada 24 horas na democracia nos últimos oito anos.

A direita tentou dar um golpe a cada 24 horas para não permitir que as forças democráticas pudessem continuar neste país. Foram oito anos de ataques, provocações e infâmias.

Eu mandei dizer a essa elite: vocês mataram Getulio (Vargas), obrigaram (João) Goulart a renunciar e o Jânio Quadros durou seis meses. Se quiserem me enfrentar, não vou estar no meu gabinete lendo o jornal de vocês.

Estarei nas ruas conversando com o povo brasileiro! disse Lula sob forte aplauso.

Ao falar de Dilma, afirmou que a petista foi escolhida, logo após a sua reeleição em 2006, para ser sua sucessora, segredo que ele disse ter confidenciado na época ao ex-ministro Olívio Dutra, que o acompanhou o dia inteiro ontem em seus compromissos oficiais no Rio Grande do Sul.

Falava-se em outros nomes, falava-se em nome que não era do nosso partido, de alianças políticas.

Alguns imaginavam que, depois da crise 1985, o PT ia acabar.

Não é 1985, é 2005. Diziam que o PT não iria ressurgir e jamais conseguiria eleger o presidente disse Lula.

Ele contou que pensava em Dilma Rousseff para sucedê-lo desde que ela chegou à Casa Civil da Presidência: Ela construiu uma aliança politica maior do que a que eu tive. Ela tem o apoio de todas as centrais sindicais deste pais, da União dos Estudantes brasileiros e dos estudantes secundaristas.

E continua construindo esse apoio, na área rural, urbana e empresarial. Estamos em situação infinitamente mais confortável e melhor do que já tivemos disse Lula, que celebrou a volta da aliança com o PCdoB e PSB no Rio Grande do Sul.

O locutor também destacou diversas vezes o apoio de setores do PDT e PTB. Os petistas locais celebraram ainda a adesão do ex-governador Alceu Collares (PDT), que estava no palanque. O Gigantinho tem capacidade para cerca de 10 mil pessoas, e estava lotado.

Dilma, que discursou antes, fez apenas ataques velados à oposição, insistindo que seus adversários não cumprem promessas e têm duas caras.

Nós, quando falamos que vamos fazer, nós fazemos. Nós não prometemos só em época eleitoral disse Dilma. O partido que apoia o meu adversário, da onde saiu seu vice, foi o partido que entrou contra nós no STF pedindo a ilegalidade do ProUni. Eles têm duas caras.

Uma nas eleições outra na hora de governar. Quando chega a hora de governar, eles governam não para todos, mas para apenas um terço da população.

Dilma disse que vai continuar a obra de Lula: Trabalhei 24 horas por dia com ele nos últimos oito anos disse, ao lado de Lula e Tarso Genro, candidato do PT a governador do RS.

Antes do comício, Lula disse que pretende atuar como um leão para conseguir realizar a reforma política após deixar o Planalto. Ele, que não tentou aprová-la em seus quase oito anos de governo, disse que o financiamento privado de campanha impede os candidatos de desancarem do empresário e baterem em banqueiro durante a campanha eleitoral. O presidente afirmou à plateia de cerca de 300 convidados na Usina do Gasômetro que defenderá mudanças na poderosa máquina de fiscalização, que inibe burocratas e atrasa obras.

Lula afirmou que, após deixar a Presidência, encabeçará os esforços para que o PT assuma a dianteira da reforma política, que considera ser responsabilidade dos parlamentares.

Já viram político ir para um palanque falar mal de catador de papel, do movimento de moradia, dos pobres? Não! Nesta época é época de desancar empresário, bater em banqueiro, falar mal das pessoas que ele sabe que não pode falar mal, porque são as pessoas que financiam suas campanhas. Mas é assim a lógica da política nacional.

Para ele, a fiscalização pública está muito mais forte que a máquina do governo.

Estou consciente que temos uma poderosa máquina de fiscalização, com jovens ganhando de entrada R$ 15 mil ou R$ 20 mil. E temos uma máquina de execução com pessoas de 30 anos ganhando R$ 6 mil. Tudo que seja levantado é tido como corrupção e tudo inibe a pessoa que tem que dar liberação.

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