terça-feira, 27 de julho de 2010

No Rio, problemas em hospitais e UPAs

DEU EM O GLOBO

Pacientes e profissionais reclamam; estado diz que médicos faltam muito

Cassio Bruno e Carolina Benevides

Qualidade no atendimento e respeito ao cidadão.

A placa com o aviso no Hospital Estadual Azevedo Lima, em Niterói, seria a esperança de pacientes de receber tratamento digno na rede pública de Saúde administrada pelo governo do estado. Além de conviver com a superlotação e com a falta de infraestrutura, a população sofre com a precariedade das Unidades de Pronto Atendimento as UPAs 24 horas, modelo já adotado pelo governo federal. O projeto, criado para desafogar as emergências, não tem médicos suficientes, e doentes chegam a esperar seis horas por uma consulta.

Os problemas não são menores nos hospitais.

Atualmente, o déficit é de 233 médicos, segundo a Secretaria estadual de Saúde. Resultado: não é difícil encontrar pacientes em macas e pelos corredores. Faltam anestesistas, neurologistas, cardiologistas e pediatras.

Uma auditoria do Ministério da Saúde mostrou que o Estado do Rio não cumpriu a legislação que prevê a destinação de 12% da arrecadação e de transferências federais para a Saúde. Proporcionalmente, o Rio teve o menor repasse do país em 2006 (2,76%) e, em 2007, ficou em antepenúltimo (6,06%). Em 2006 e 2007, o Denasus verificou que o governo do Rio deixou de investir R$ 2 bilhões na Saúde. A Secretaria de Saúde contesta e afirma que o Tribunal de Contas do Estado aprovou os gastos.

As UPAs, uma das principais bandeiras do governador Sérgio Cabral, candidato à reeleição pelo PMDB, atendem de oito mil a nove mil pessoas por dia. O Rio tem 35 UPAs sendo 15 de responsabilidade da prefeitura, mas todas sob supervisão do estado. Na UPA de Ricardo de Albuquerque, há duas semanas, com um clínico geral, os funcionários dispensavam quem procurava o local. Em Caxias, a demora no atendimento fez com que o auxiliar de carregamento Leonardo Gastaldi, de 20 anos, discutisse com funcionários. A namorada dele, com fortes dores no corpo, esperou seis horas: Cheguei às 10h e pediram para aguardar.

O segurança quis saber por que eu reclamava e discutimos. O atendimento é péssimo.

Para Jorge Darze, presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, as UPAs padecem do mal de toda rede de saúde do estado: Não há médico suficiente. O paciente não sai com a consulta marcada, o que contribui para que as emergências continuem lotadas.

Vistorias realizadas este ano pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio (Cremerj) revelaram que no Getúlio Vargas, na Penha, o déficit é de 40 médicos. No Albert Schweitzer, em Realengo, a UTI neonatal funciona com apenas 50% por falta de médicos.

Coordenador das UPAs, o major Jorge André admite os problemas, mas culpa os médicos: Temos 603 médicos em 20 UPAs. A falha é do médico que não vai ao serviço.

Sobre os hospitais da rede, Carlos Eduardo de Andrade Coelho, superintendente de Unidades Próprias da Secretaria Estadual de Saúde, diz que problemas existem: Temos dificuldades nas internações, principalmente nas UTIs. Estamos fazendo estudos para conseguir leitos em unidades particulares.

E nosso principal obstáculo é ocupar essas ausências em hospitais na Zona Oeste porque os médicos não querem trabalhar na região por causa da distância do Centro do Rio.

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