quarta-feira, 7 de julho de 2010

Serra ataca plano radical do PT, que Dilma assinou

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Segundo o partido, ela não leu o texto, que depois foi substituído; "a gente sabe o que eles pensam", diz tucano

A candidata à Presidência Dilma Rousseff assinou o programa radical de governo apresentado na segunda-feira pelo PT ao Tribunal Superior Eleitoral. Ela também rubricou suas 19 páginas. O texto previa, entre outras coisas, o controle social da mídia, a taxação de grandes fortunas e a revogação do dispositivo que torna áreas invadidas indisponíveis para a reforma agrária. Horas depois, o documento foi substituído por outro, sem as ideias polêmicas. Segundo o PT, Dilma assinou sem ler, por pressa. Ontem, no primeiro dia de campanha, o candidato tucano, José Serra, explorou o caso, dizendo que os adversários mostram que "não são duas caras, são várias caras". Dilma reafirmou que o primeiro texto apresentado era o do 4° Congresso do PT, e que não concorda com a versão. “Tem coisas do PT com as quais nós concordamos, tem coisas com as quais não concordamos", afirmou.

Serra ataca programa de governo do PT, que Dilma havia assinado

Durante campanha em Porto Alegre, petista foi cobrada sobre documento entregue ao TSE e se defendeu argumentando que não concorda com posições radicais expressas no texto sobre controle da mídia, aborto e invasão de terras


Elder Ogliari, Porto Alegre e Evandro Fadel Curitiba

A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, assinou e rubricou todas as 19 páginas do programa radical de governo apresentado pelo partido, na segunda-feira, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) - no que foi acompanhada pelo presidente da legenda, José Eduardo Dutra.

A atitude, seguida de um recuo e da entrega de novo texto horas depois, foi ironizada ontem, no primeiro dia de campanha presidencial, por seu rival tucano José Serra. "Lendo o segundo, é um remendo malfeito", disse ele, durante caminhada pelas ruas centrais de Curitiba, ao lado do candidato do PSDB ao governo paranaense, Beto Richa.

Segundo Serra, as diretrizes do programa de governo são "a alma" do que se quer - e alguns pontos que constavam da primeira versão da equipe de Dilma são o que o PT realmente defende, "como a facilitação de invasão de terras". Ele citou, ainda, o controle da imprensa. "É tema em que a gente sabe o que eles pensam. Sempre que podem, isso é dito, depois eles vêm e corrigem." O que os adversários mostram, acrescentou, "não são duas caras, são várias caras". E acrescentou: "Nós temos uma só cara, a minha cara." Garantiu, em seguida, que as diretrizes de seu programa foram "minuciosamente escritas".

Contra-ataque. Em Porto Alegre, também fazendo caminhada pelas ruas centrais - ao lado do candidato petista ao governo do Rio Grande do Sul, Tarso Genro - Dilma foi cobrada pelo episódio e se defendeu. "Nós não concordamos com a posição expressa (sobre controle da mídia, aborto e invasão de terras)", afirmou. "Tem coisas do PT com as quais concordamos, coisas com as quais não concordamos, e assim nos outros partidos também."

Ela também foi ao ataque contra o rival tucano, ironizando suas promessas de manter os programas sociais do governo Lula. "Faz parte de nossa estratégia o que muitos definem como apenas uma tática eleitoral, que é a questão social", disse. O discurso de Serra, prosseguiu, é que pode ser "um artefato eleitoral a ser abandonado na primeira oportunidade".

Nesse bate-boca, que esquentou a campanha logo no início, Serra também cobrou a ausência da rival petista em debates. "Parece que a candidata Dilma não sabe por que quer ser presidente", provocou. Segundo ele, Dilma "está chegando a um exagero em matéria de omissão", o que "não é bom para o Brasil, para os eleitores".

Coincidência ou não, Dilma respondeu no Sul. "Eu quero ser presidente para continuar mudando o País, fazendo com que não só cresça economicamente, mas também do ponto de vista de milhões de brasileiros", disse. Seu objetivo, afirmou, é levar o País progressivamente a ter uma sociedade "no mínimo" de classe média.

Dilma recusou-se a associar a escolha de Porto Alegre para iniciar a campanha ao fato de estar em desvantagem nas pesquisas no Rio Grande do Sul (onde tem 32%, segundo o Ibope, ante 50% de Serra). "Eu tenho uma filha aqui e uma neta para nascer. Virei tantas vezes quanto puder." Serra disse que Curitiba "é a média nacional", para elogiar: "Uma cidade da qual eu gosto, é arrumada." Comentou ainda que "foi uma pena" o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) não ser seu vice.

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