sexta-feira, 30 de julho de 2010

Serra elege voto distrital puro como prioridade

DEU NO VALOR ECONÔMICO

Vandson Lima, de São Paulo

O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, colocou como umas de suas prioridades, caso vença as eleições, a reforma política no país. Em sabatina realizada pela rede de televisão Record, em São Paulo, o candidato disse que o ponto fundamental da reforma é a mudança para o voto distrital puro, em detrimento ao voto proporcional, no qual um candidato a deputado, por exemplo, pode buscar votos em qualquer parte do Estado.

"Se uma cidade tem 37 vereadores, você a divide em 37 distritos, cada um elegendo o seu vereador. A vantagem disso é que o eleitor vai fiscalizar o vereador em quem ele votou", argumentou o tucano.

A mudança proposta por Serra atingiria cidades com mais de 200 mil habitantes, onde há segundo turno. Para o candidato, o sistema diminuiria os custos de campanha: "O candidato fica procurando voto em todas as áreas [da cidade], gasta uma fortuna. Isto perverte o processo político brasileiro, e é uma das causas da corrupção." O tucano se diz ciente de que a proposta enfrentaria resistência, em especial no Congresso Nacional: "Podemos começar com os municípios. No Congresso poder ter resistência porque o deputado vai pensar "opa, será que eu me elejo nisso?""

Questionado sobre as declarações do assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, de que teria assumido um discurso de "troglodita de direita" e caminhava para um "fim melancólico" de sua carreira política, Serra atacou: "Acho troglodita de direita quem apoia o [presidente iraniano Mahamoud] Ahmadinejad, que é um governo que apedreja mulheres, prende jornalistas e enforca opositores". E continuou: "O Marco Aurélio Garcia nunca foi de esquerda (...) eles é que estão com o Collor. E o Collor, é de esquerda?", desafiou. Sobre a aliança com o DEM, relativizou: "Mas o DEM nunca disse que era de esquerda." Por fim, Serra declarou: "Eu acho essa discussão de direita e esquerda uma bobagem. Sou um militante dos direitos humanos."

Serra voltou a dizer que o governo da Bolívia faz "corpo mole" no combate à produção e o tráfico de cocaína e se disse contrário à legalização da maconha que, acredita, serve como "porta de entrada" para outras drogas.

O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) voltou a ser alvo de críticas do tucano, que acusou a organização de "fisiológica" e disse que, em seu governo, o MST não receberia dinheiro público. Sobre as acusações de que o PSDB seria privatista, replicou: "Vou estatizar os Correios, as agências reguladoras, que hoje estão loteadas politicamente pelo atual governo, com gente sem preparo para a função".

A entrega de dois discursos seus como programa de governo ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi defendida pelo tucano: "Meus discursos foram muito bem elaborados, as diretrizes de governo estão todas lá".

No fim do programa, Serra teve direito a um minuto para as considerações finais e discursou na busca dos votos dos mais pobres: "Eu sou de família pobre, eu vim da pobreza e estudei em escola pública. É para os pobres que vou trabalhar."

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