sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Após início desigual, final de equilíbrio

DEU EM O GLOBO

Serra começou melhor, mas debate se equilibrou na última metade, quando Dilma ficou menos nervosa, dizem analistas

Início de nervosismo para Dilma Rousseff (PT) e de boa performance para José Serra (PSDB), metade final de equilíbrio.

Para cientistas políticos e historiadores, o primeiro debate entre os presidenciáveis apontou a experiência maior de Serra em debates logo nos primeiros blocos; mas, nos segmentos seguintes, Dilma melhorou seu desempenho e deixou de lado a hesitação inicial.

Cientista política e pesquisadora na área de história, Isabel Lustosa afirma que a petista teve um início hesitante, mas que se recuperou depois: Nos blocos seguintes ela conseguiu responder até com um certo humor. E estava bem inclusive na aparência. A escolha do branco foi bem pensada pela equipe dela. O Serra tem mais experiência, isso ajuda, mas por outro lado ele não é mais novidade para o público.

Além disso, o discurso dele foi bem articulado, mas ficou meio ambíguo, entre a elite e o popular.

Isabel observa ainda que a presença de Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) no debate também foi um fator que, por comparação com outros candidatos, pode ter auxiliado Dilma e prejudicado Marina Silva (PV): O Plínio foi o mais à esquerda, então facilitou para a Dilma, deu para ver que ela não era a esquerda radical. Já a Marina perdeu a chance de ser uma Heloísa Helena com mais doçura.

Professor de sociologia e política da PUC-Rio, Ricardo Ismael disse que o tucano fez valer sua maior experiência em campanhas eleitorais na primeira metade do debate: Dilma começou nervosa, demorou a entrar no clima, titubeava na hora de responder, demorava nas frases, não engatava.

No segundo bloco, melhorou, equilibrou mais. Agora, naquela pergunta em que ela comparou o governo atual com o do Fernando Henrique, ela não se saiu tão bem, o Serra conseguiu inverter a situação, falando que ela estava olhando para trás.

Já a presidenciável verde, Marina Silva, não empolgou Ismael nos primeiros blocos: Achei a Marina aquém do esperado. Esperava que ela tivesse um brilho maior nas falas.

Ela não errou, mas também não brilhou tanto. Uma das boas respostas dela foi em relação ao combate ao crack.

Para David Fleischer, professor emérito de ciência política da Universidade de Brasília (UnB), o debate se centrou no embate entre Dilma e Serra, sobretudo por parte do tucano, que mirava suas perguntas na petista, enquanto Dilma chegou a perguntar para Marina Silva: Claro que o Serra é mais experiente em debates, esquivouse da provocação que a Dilma fez quando comparou a administração atual com o Fernando Henrique. Mas achei que a Dilma se defendeu bem.

Quando respondeu aos ataques do Serra em relação aos mutirões de saúde, por exemplo, disse que mutirão é solução apenas para emergências. Mas ela não se saiu tão bem com relação às acusações do Serra sobre as Apaes: acho que ficou no ar se as Apaes foram prejudicadas ou não pelo governo analisa Fleischer, notando ainda a curiosidade de que o debate também foi um embate de Plínio contra todos. O Plínio quis marcar a diferença entre ele e os outros nas questões ideológicas, do socialismo que ele defende, mas sem falar de ações concretas para isso. Dava vontade de falar Está bem, Plínio.

Mas como?.


Participaram desta cobertura: Flávio Freire, Leila Suwwan, Sérgio Roxo, Maria Lima, Paulo Marqueiro, Maiá Menezes, Chico Otavio, Fábio Brisolla e Alessandra Duarte.

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