domingo, 29 de agosto de 2010

Falando como eleita, Dilma diz que vai 'estender a mão' a adversários

DEU EM O GLOBO

Candidata propõe diálogo após eleição e tenta evitar perguntas sobre Receita

Gustavo Paul

BRASÍLIA. Mesmo tentando não admitir o favoritismo, a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, disse ontem que, depois das eleições, estará à disposição para o diálogo com seus adversários. Ela disse que estenderá a mão para quem quiser ajudar a transformar o Brasil.

As pessoas que concorrem conosco devem ser respeitadas e depois da eleição a coisa muda de figura. A gente desarma o palanque e estende a mão para quem for pessoa de boa vontade e quiser partilhar desse processo de transformação do Brasil.

Questionada se já estaria estendendo as mãos para Serra e Marina, a petista se traiu e discursou como presidente eleita: Estendo a mão para quem quiser partilhar. Não sei se ele (Serra) quer. Você pergunta para ele. Se ele quiser, perfeitamente.

A abertura de diálogo, segundo ela, faz parte do conceito republicano, que, disse, é adotado pelo atual governo e ela promete exercer se eleita. Aproveitou para alfinetar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso: Sou do Rio Grande do Sul e lembro que havia um atrito entre o presidente e o governador.

O presidente não ia lá e não dava dinheiro. Eu acho isso um absurdo: República velha é isso. A pessoa não precisa estender a mão para mim para receber dinheiro.

Pode ficar sem estender a mão, como oposição, numa boa, que vai ter dinheiro.

Com possibilidade de ganhar a eleição já em 3 de outubro, ela refutou a afirmação feita pela concorrente Marina Silva (PV) de que a democracia é fortalecida quando a escolha do presidente ocorre em dois turnos.

Se fosse assim por que teria primeiro e segundo turno? A gente não pode contar com a eleição antes do voto na urna.

Seria uma imensa pretensão da minha parte subir no salto alto e dizer que vou ganhar.

Sorridente, mas com voz rouca e demonstrando estar com dores no joelho depois da maratona de comícios nos últimos dias , Dilma tentou evitar o tema da quebra de sigilo fiscal na Receita Federal, que devassou as declarações de quatro integrantes do PSDB.

Não vejo nenhum fato novo para que eu tenha que refazer as entrevistas. A gente tem de apostar no fortalecimento das instituições. Então, maior controle da Receita, não deixar vazar, ter uma atitude de controle irrestrito sobre dados que são sigilos fiscais. Se tiver um esquema, acho que tem de ser punido de forma drástica.

O vice-presidente executivo do PSDB, Eduardo Jorge, voltou a chamar de burocrática a investigação do vazamento de seu sigilo fiscal. Para ele, o importante não é identificar apenas quem é responsável, mas quem utilizou as informações num dossiê com fins eleitorais.

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