segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Fundos de Petrobras e CEF acusados de fazer dossiês

DEU EM O GLOBO

Ex-gerente do fundo de pensão do Banco do Brasil, o advogado Gerardo Santiago disse que uma força-tarefa foi montada para municiar governistas durante o escândalo do mensalão e colher dados contra adversários. Segundo ele, técnicos do BB, da Petrobras e da Caixa e dos respectivos fundos de pensão, participavam do grupo.

Fundos ajudaram governo no mensalão

Chico Otavio

O advogado Gerardo Xavier Santiago, ex-gerente executivo da Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil), disse ontem que, na crise do mensalão, integrou uma força-tarefa montada a pedido do governo federal, com representantes de estatais e fundações de previdência, para elaborar um relatório alternativo à CPMI dos Correios e colher dados contra adversários.

Faziam parte da força-tarefa, segundo Santiago, técnicos do Banco do Brasil, Petrobras e Caixa Econômica Federal, bem como de seus respectivos fundos de pensão, Previ, Petros e Funcef. O grupo se reuniu no dia 2 de abril de 2006, véspera da semana de votação do relatório final da CPMI dos Correios, de autoria do deputado peemedebista Osmar Serraglio (PR), para produzir um texto alternativo. Segundo Santiago, os dados não chegaram a ser utilizados.

- Eu era um deles. Tenho como provar que estive no dia 2 de abril, um domingo, no Senado, com outros técnicos, para ajudar no relatório alternativo. É só consultar o registro de acessos da Casa - disse.

Em entrevista concedida há dois anos à revista "Veja", que a divulgou na última edição, o ex-gerente da Previ, que aposentou-se recentemente, aos 50 anos, contou que o fundo funciona como "fábrica de dossiês" contra a oposição do governo Lula. Na lista dos oposicionistas que teriam sido investigados, ele citou o senador Antônio Carlos Magalhães (DEM-BA), já morto, o então governador José Serra (PSDB) e Jorge Bornhausen, na época presidente do DEM.

Ex-gerente está disposto a contar o que sabe ao MP

Santiago disse ao GLOBO que está disposto a oficializar a denúncia, caso seja chamado pelo Ministério Público, mas não quer depor a pedido de parlamentares, pois teme a exploração política do episódio:

O advogado, que trabalhou na Previ de 2000 a 2007, disse que recebeu ordens, em 2006, para levantar dados que comprometessem o então senador ACM com investimentos da Previ na Costa do Sauípe, complexo hoteleiro a 76 quilômetros de Salvador. Santiago deixou o PT em 2006 e diz que resolveu falar porque está arrependido e decepcionado com o partido.

ACM Neto anunciou que irá interpelar judicialmente o bancário Sérgio Rosa, ex-presidente da Previ.

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