A propaganda eleitoral “gratuita” começará no dia 17 como projetara o candidato presidencial oposicionista José Serra, se ele chegar até lá empatado com a adversária Dilma Rousseff. O que se configurará, ou não, em novas pesquisas nesta e na próxima semana (que levarão em conta, também, o debate de amanhã na TV Bandeirantes e as entrevistas, dos dois e de Marina Silva, de segunda-feira em diante no Jornal Nacional da Globo, este de grande audiência). Com um empate, Serra avalia ou avaliava partir em condições favoráveis para um confronto de propostas e de biografias. Se, porém, tais pesquisas confirmarem a superioridade e, mais do que isso, a tendência de crescimento da candidata governista, constatadas no último levantamento do Ibope, será ela que iniciará em vantagem a nova e decisiva etapa da disputa. Condições favoráveis dele ou vantagem dela que, obviamente, poderão alterar-se ou até inverter-se em face dos desempenhos de cada um ao longo do horário eleitoral e do conjunto de suas campanhas, bem como de fatos políticos e/ou econômicos capazes de impactos sociais de peso.
Eis alguns traços bem significativos dessa disputa, a dois meses do primeiro turno. A prioridade conferida pelas candidaturas de Serra e Dilma à busca de maioria no eleitorado de Minas Gerais. O empenho de ambos para redução da inferioridade que têm, respectivamente no Nordeste e no Sul. Os fortes ataques que a campanha de Serra passou a desferir contra posturas e relações mais questionáveis do governo Lula e de sua candidata: o radicalismo da política externa, incluídos o relacionamento do PT com o grupo narcoguerrilheiro das Farc, a omissão diante de atos antidemocráticos da ditadura cubana e do governo chavista da Venezuela, a cobertura e o financiamento às violências do MST, o aparelhamento partidário da máquina federal, os dossiês atribuídos a petistas. As respostas a tais ataques e os passos de Dilma Rousseff a fim de ganhar espaço na opinião pública e junto ao empresariado: distanciamento de propostas radicais do PT (como as de controle da mídia e restritivas do direito de propriedade), condenação a invasões do MST, já também crítica a prisões políticas em Cuba e provável influência exercida para o gesto de Lula em favor da iraniana, Sakineh Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento ou na forca, tudo isso de par com a defesa da política macroeconômica pró-mercado, inclusive a autonomia do Banco Central.
Quanto ao presidente Lula, ao objetivo primeiro da eleição de Dilma (que avalia como já praticamente certa) ele junta com ênfase outro que considera relevante: que o governo dela possa contar com sólida e confiável maioria no Congresso, especialmente no Senado através de grande bancada do PT. Essa ênfase deverá traduzir-se em participação pessoal dele, seletiva mas decidida, em várias campanhas estaduais para ampliação das bancadas de deputados federais e sobretudo de senadores petistas.
Jarbas de Holanda é jornalista
Política e cultura, segundo uma opção democrática, constitucionalista, reformista, plural.
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