quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Outros três ligados ao PSDB tiveram sigilo fiscal violado

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Acesso a dados ocorreu no mesmo dia; Serra acusa Dilma, e PT nega envolvimento da candidata

A Corregedoria-Geral da Receita Federal apurou que foi violado o sigilo fiscal de três pessoas próximas ao candidato a presidente José Serra e a FHC, além do vice-presidente do PSDB Eduardo Jorge Caldas Pereira.

Das 12h27 às 12h43 de 8 de outubro, foram impressas as declarações do IR do ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros, do ex-diretor do BB, Ricardo Sérgio de Oliveira e de Gregório Marin Predado, parente de Serra.

As informações foram levantadas na investigação sobre a quebra do sigilo de EJ, revelada pela Folha em junho. Os dados foram acessados com a senha de uma servidora de Mauá (SP). A Receita não se manifestou.

Os dados de EJ faziam parte de dossiê de um grupo da pré-campanha de Dilma Rousseff. Serra disse ontem que a irregularidade é um "crime contra a democracia" e que a petista deve uma explicação para o país.

Em defesa do PT, o deputado federal Cândido Vaccarezza negou o envolvimento da candidata. "Você já viu a campanha usar isso? Viu a nossa campanha baixar o nível? Quem baixa o nível é o Serra", disse.

Mais 3 ligados a Serra e FHC tiveram IR violado na Receita

Acessos foram no mesmo dia e local da quebra de sigilo de Eduardo Jorge

Foram impressos sem justificativa na agência de Mauá (SP) dados do ex-ministro Mendonça de Barros e de outros 6

LEONARDO SOUZA
FERNANDA ODILLA
DE BRASÍLIA

O vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, não foi a única pessoa ligada ao partido a ter o sigilo fiscal violado dentro da Receita Federal.

No mesmo dia, no mesmo lugar e de forma sequencial, os dados de outras três pessoas próximas ao candidato da sigla à Presidência, José Serra, e ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foram acessados irregularmente em um terminal do fisco na agência de Mauá (SP).

Entre 12h27 e 12h43 de 8 outubro de 2009 foram impressas as declarações de Imposto de Renda do ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros, do ex-diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira e de Gregorio Marin Preciado, casado com uma prima de Serra.Outras quatro pessoas tiveram o sigilo quebrado nas mesma circunstâncias, sendo ao menos duas filiadas a partidos políticos.

As informações foram levantadas pela Corregedoria-Geral da Receita, que abriu investigação interna para apurar a quebra do sigilo de Eduardo Jorge, revelada pela Folha em junho.

As cópias das declarações do imposto de Eduardo Jorge (dos exercícios de 2005 a 2009) faziam parte de um dossiê organizado por um "grupo de inteligência" que atuou na pré-campanha da candidata a presidente Dilma Rousseff (PT) -que nega todas as acusações.De acordo com a corregedoria, as declarações de IR do vice-presidente do PSDB foram acessadas e impressas juntamente com as demais.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Receita informou que não iria se manifestar sobre o assunto.

Anteontem, a Justiça Federal autorizou Eduardo Jorge a ter acesso a todo o trabalho da corregedoria do fisco. O Ministério Público Federal e a Polícia Federal também investigam o caso.

Todos os dados das pessoas ligadas ao PSDB foram acessados com a senha da analista fiscal Antonia Aparecida Neves Silva, mas a partir do computador de Adeildda Ferreira dos Santos, servidora do Serpro cedida à Receita.

ALVOS DO DOSSIÊ

As duas estão lotadas na agência do fisco de Mauá.

Além de não haver motivação justificada até agora para nenhuma das consultas, os endereços fiscais dos quatro tucanos estão fora da alçada da agência de Mauá.Mendonça de Barros, Ricardo Sérgio e Preciado moram em São Paulo capital. Eduardo Jorge, no Rio.

Os quatro eram alvos do dossiê montado pelo grupo que atuou na pré-campanha de Dilma.Uma das pilhas de papéis do dossiê contém dados da CPI do Banestado (2003-2004), como operações financeiras registradas entre 1997 e 2001 em nome de empresas que pertenciam ou pertenceram a Ricardo Sérgio, ex-arrecadador informal da campanha de Serra ao Senado em 1994.

Os documentos também tratam de movimentações financeiras do empresário Gregorio Marin Preciado, casado com uma prima do presidenciável e sócio de Serra até 1995 em um imóvel.O terceiro volume dos documentos abrange negócios da filha de Serra, Verônica. A Folha manuseou, mas não obteve cópia dos papéis nem conseguiu verificar sua autenticidade. Eles tratam de operações contábeis feitas por empresa ligada a Verônica e seu marido.

Como a "Veja" revelou em maio, o esquema de inteligência da pré-campanha de Dilma foi desfeito após o vazamento da movimentação do grupo. Antes de ser desmontada, contudo, a equipe reuniu o dossiê contra aliados e parentes de Serra.

A Corregedoria também identificou acessos imotivados aos dados de Amauri Jacintho Baragatti (que foi filiado ao PSDB de São Paulo e, segundo seu assessor, hoje está no PT); do sindicalista Gilmar José Argenta e da mulher dele, Carla Estevão de Andrade Argenta; e de Ronaldo de Souza, empresário morto há dois anos e ex-sócio de Ricardo Sérgio.Gilmar é da direção do sindicato dos trabalhadores da limpeza urbana de São Paulo, ligado à UGT (União Geral dos Trabalhadores)-entidade que organizou evento para Serra na atual campanha.

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