sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Santos promete não baixar guarda com terror

DEU EM O GLOBO

Explosão de um carro-bomba diante de rádio em Bogotá deixa 9 feridos e desafia o novo governo colombiano

BOGOTÁ. Cercado por agentes de segurança, o presidente Juan Manuel Santos visitou o local onde um carro-bomba explodiu ontem, deixando nove pessoas feridas no centro financeiro de Bogotá. Ao lado dos destroços do veículo, Santos, que assumiu o cargo no sábado, prometeu não baixar a guarda diante do terrorismo, nem fazer o jogo de radicais.

Como todo ato terrorista, o objetivo é gerar medo e ceticismo diante das autoridades disse Santos, acompanhado pelos ministros do Interior, Germán Vargas Lleras, e da Defesa, Rodrigo Rivera. Não vamos fazer o jogo dos terroristas. Não vamos nos deixar intimidar. Não cairemos na armadilha. Vamos seguir com a nossa vida normal.

Bomba deixou uma cratera de 2,5 metros de diâmetro O carro-bomba, com 50 quilos de explosivos, foi detonado por volta das 5h30m de ontem (7h30m no Brasil), danificando prédios e ferindo principalmente os passageiros de um ônibus que passava pelo local. O veículo estava estacionado diante do prédio que abriga a Rádio Caracol conhecida por transmitir mensagens de parentes de reféns da guerrilha , a agência de notícias EFE e o Consulado do Equador, assim como escritórios de bancos e políticos.

O general Cesar Pizon, chefe da polícia de Bogotá, sugeriu que a guerrilha pode ser a autora do atentado, mas as autoridades disseram não ter certeza sobre os responsáveis ou o alvo.

A segurança democrática não vai baixar a guarda um só milímetro disse Santos, referindose à política de seu antecessor, Álvaro Uribe, de quem foi ministro da Defesa.

Os ataques a bomba na Colômbia diminuíram desde que Uribe assumiu o governo em 2002, com uma política de forte combate aos grupos armados. O último atentado a bomba em Bogotá havia sido no ano passado, quando a explosão numa locadora de filmes deixou dois mortos. Em março deste ano, uma bomba das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) matou nove pessoas na cidade de Buenaventura.

Para o diretor do Centro de Recursos e Análises de Conflitos, Jorge Restrepo, os grupos armados usaram o atentado para enviar uma saudação ao governo Santos. O fato de a bomba ter sido detonada antes do horário do rush indicaria se tratar de uma mensagem política.

É um exemplo de que eles ainda têm capacidade para praticar esse tipo de ação terrorista afirmou o analista.

No momento da explosão, 12 pessoas estavam dentro da rádio e continuaram a transmitir até serem retiradas do edifício.

A Caracol é uma das maiores rádios do país e seu diretor, Dario Arizmendi, já foi ameaçado por grupos armados.

O carro usado na ação, um Chevrolet Swift 1.0 1984, havia sido roubado dias antes. Câmeras de segurança filmaram um homem deixando o veículo pouco antes da explosão. Aparentemente a bomba foi detonada por controle remoto. Os explosivos abriram um buraco de 45 centímetros de profundidade e 2,5 metros de diâmetro.

Colômbia descarta verificação internacional na Venezuela O governo venezuelano, com o qual a Colômbia restabeleceu relações dias atrás, condenou o atentado, assim como outros países latino-americanos, os Estados Unidos e a União de Nações Sul-Americanas (Unasul).

Distanciando-se do governo Uribe, a Colômbia descartou ontem pedir a organismos internacionais que verifiquem a presença de guerrilheiros na Venezuela.

Uribe havia acusado o vizinho de tolerar a presença de terroristas, o que abriu uma crise entre os dois países.

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