quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Serra critica política antidrogas do governo

DEU EM O GLOBO

Tucano faz campanha casada com governador de São Paulo que, no mesmo dia, inaugura ambulatório médico

Silvia Amorim

SÃO PAULO. O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, acusou ontem o governo federal de recorrer a factoides ao anunciar programas de atendimento a dependentes de drogas em ano eleitoral. Durante visita a uma clínica do governo de São Paulo especializada no tratamento de usuários de crack, cocaína e álcool, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, Serra disse que a gestão do presidente Lula não consegue investir no setor os recursos reservados no Orçamento.

Sugiro uma visita aqui para ver o que é preciso fazer nessa matéria, e que o governo federal não está fazendo, porque não apoia essas clínicas. Não executou neste ano nem 20% do orçamento antidrogas. Ao longo dos anos, nem executa o orçamento afirmou Serra. Na verdade, o que foi levantado agora por eles para a candidatura é mais uma coisa de olhar pesquisa, ver que o problema é grave e vai criando factoides.

Gravação de cenas para o horário gratuito eleitoral Em maio, Lula apresentou um plano nacional de combate ao crack, com previsão de investimentos de R$ 410 milhões em um ano. O anúncio foi feito pouco após o tema ter sido explorado pela então pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. Houve então uma série de agendas casadas entre o governo e a campanha petista.

Ontem, horas antes de Serra visitar a unidade em São Bernardo do Campo, inaugurada por ele quando era governador, o seu sucessor, Alberto Goldman, entregou um ambulatório médico de especialidades (AME), na capital paulista, voltado ao atendimento de doentes mentais e dependentes de drogas.

Serra aproveitou a passagem pela clínica no ABC para gravar imagens e depoimentos para o horário eleitoral, que começa na próxima semana.

O tucano prometeu criar uma rede de clínicas especializadas na reabilitação de usuários de crack, cocaína e álcool e voltou a criticar o Ministério da Saúde por não custear internações pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nesse tipo de unidade: Vou criar uma rede nacional de atendimento aos dependentes do crack e da cocaína, como fiz com a Aids. E o Ministério da Saúde vai colocar recursos, coisa que hoje não acontece. O governo federal, hoje em dia, não dá recursos para tratamento dos dependentes químicos em clínicas como esta, que não tem nenhum centavo federal e é mantida pelo governo estadual disse.

Serra também prometeu repasse de recursos às entidades sociais que cuidam de dependentes químicos: Temos que multiplicar também o apoio às comunidades terapêuticas e que não recebem um centavo do Ministério da Saúde.

O candidato caminhou pelo comércio de São Bernardo. A passagem foi marcada por muito tumulto. Enquanto Serra tomava um café com leite num bar, um segurança da campanha e um cinegrafista brigaram. Houve empurra-empurra, mas outros seguranças conseguiram separá-los. A aglomeração de correligionários, candidatos, assessores e jornalistas causou destruição.

Duas estufas de salgados, copos e garrafas que estavam no balcão foram quebrados. Depois, em entrevista, Serra disse que o prejuízo, calculado pelo dono do estabelecimento em R$ 625, será pago pela campanha.

Perguntado sobre desentendimentos com aliados, Serra se irritou: Olha, tititi não acaba disse, encerrando a entrevista.

Em Minas, ausência de material de campanha Ontem o presidente do PTB, Roberto Jefferson, citou no Twitter a ausência de Serra no material de campanha do candidato tucano ao governo de Minas, Antônio Anastasia, distribuído em Uberlândia. Não havia uma praguinha, um santinho, um cartaz de José Serra. Anastasia está aliado a partidos que apoiam a petista Dilma Rousseff.

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