domingo, 12 de setembro de 2010

11 de setembro:: Graziela Melo

Aquela inteireza do Allende, aquele ideário democrático que cultivava na alma, a extrema direita não poderia suportar. Não poderia gostar. A extrema esquerda também não. Ele ficou quase imprensado. Contava sim, com apoio da população. Mas se sentiu imprensado, quase isolado, incompreendido, magoado, machucado. Está claro, em suas ultimas palavras:

"Trabajadores de mi pátria: tendo fé en Chile y su destino. Superarán otros hombres este momento gris y amargo, donde la traición pretende imponerse. Sigan ustedes sabiendo que, mucho más temprano qu tarde, de nuevo abrirán las grandes alamedas por donde pase el hombre libre para construir una sociedade mejor."

Aquela extrema direita chilena, herdada do fascismo que municiou a guerra civil espanhola, que Neruda tanto repudiava em seus versos – “muerto cayo Frederico, El crimen fue en Granada” -, não poderia suportar que seu país fosse governado por um quadro da esquerda radicalmente democrática e que não tinha nada em seu currículo que permitisse detratá-lo, desacreditá-lo, diminuí-lo, perante a opinião pública.

Um homem cheio de ideias na cabeça, de bons sentimentos na alma e no coração. Ideias todas voltadas para o bem da humanidade e do povo de seu país.

Odiado pela extrema direita e incompreendido pela extrema esquerda, Allende, depois de retirar do Palácio La Moneda, todos os seus funcionários, amigos e familiares, viveu seus últimos instantes em solidão, até ser alvejado por aquela maldita bala que varreu do cenário da vida um dos melhores e mais dignos quadros da América. Latina!

Saudades muitas!. Da figura impoluta do Allende, das festas democráticas que presenciei, da solidariedade do povo chileno, do Conjunto Quilapayum e suas belas músicas e do meu filho morto, cujos restos permanecem sepultados nas terras chilenas.

Tristezas muitas pelo dia de hoje

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