segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Brasil profundo:: Fernando Rodrigues

DEU ENA FOLHA DE S. PAULO

BRASÍLIA - Ao defender a eleição de Dilma Rousseff (PT) num artigo ontem na Folha, o chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho, traçou um cenário róseo. Conclui afirmando que a petista virá "para o bem da democracia plena e verdadeira" e "para o bem da paz social, do respeito aos direitos de todos e para a queda de tantos muros que até aqui separam irmãos".

Pois em um rincão do Brasil o PT patrocina neste momento uma democracia de araque, desrespeita os direitos de todos se informarem e ajuda a construir muros que separam vários irmãos. Trata-se do cenário em Tocantins, Estado com 0,6% da população do país e quase sempre invisível no noticiário nas regiões mais desenvolvidas.

Em Tocantins, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff apoiam a reeleição do governador Carlos Gaguim (PMDB). Na semana passada, tornou-se pública uma investigação do Ministério Público de São Paulo sobre uma quadrilha na cidade de Campinas. Há nessa apuração indícios de que Gaguim teria participado de um desvio de R$ 615 milhões.

O político tocantinense nega culpa. É a praxe nesses casos. Não contente, Gaguim foi além. Pediu à Justiça que proibisse na imprensa local a publicação de reportagens sobre a investigação. Foi atendido pelo desembargador Liberato Póvoa na última sexta-feira.

No sábado, o telejornal da TV Anhanguera, em Palmas, leu a notícia sobre a censura. Terminou de forma melancólica, em silêncio.

A coligação de Gaguim com o PT foi batizada de Força do Povo. Ironia da política. Essa é a mesma expressão usada por Lula para se reeleger em 2006. A "força" agora está no projeto da eleição de Dilma Rousseff. Em Tocantins, representa uma face do Brasil profundo no qual toda a mídia é censurada previamente. É um pedaço do país distante da argumentação edulcorada do artigo de Gilberto Carvalho.

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