segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Denúncia de favorecimento na Casa Civil derruba diretor dos Correios

DEU EM O GLOBO

Nomeado por Erenice Guerra, coronel é suspeito de beneficiar empresa aérea

As denúncias de tráfico de influência a partir da Casa Civil derrubaram o quarto integrante do governo: o diretor de Operações dos Correios, coronel Eduardo Artur Rodrigues. Nomeado pela ex-ministra Erenice Guerra, sucessora de Dilma Rousseff, ele é suspeito de usar o posto para defender interesses da empresa aérea cargueira MTA e atuar como testa de ferro de um grupo estrangeiro. O coronel nega. Duas empresas ligadas ao marido de Erenice, a Mafra e a Unicel, teriam sido beneficiadas no governo. Para José Serra, ou Dilma sabia do esquema na Casa Civil ou não sabe administrar. A petista disse que não irá ao Senado dar esclarecimentos sobre as últimas denúncias.

A quarta peça a cair

Denúncias de favorecimento envolvendo Casa Civil derrubam agora diretor dos Correios

Martha Beck, Geralda Doca, Roberto Maltchik e Jailton de Carvalho

BRASÍLIA - O escândalo político envolvendo uma rede de corrupção operada na Casa Civil e nos Correios derrubou mais um integrante do governo. Depois de Erenice Guerra e de dois assessores palacianos, o diretor de Operações dos Correios, coronel Eduardo Artur Rodrigues, é o quarto personagem que cai. Sua carta de demissão será entregue hoje às 10h ao presidente da estatal, David José de Matos. Novamente, a queda é resultado da mistura de negócios pessoais e empresariais com a função pública.

Rodrigues é suspeito de defender interesses da empresa de transporte de cargas Master Top Airlines (MTA) junto ao governo. Segundo reportagem publicada no jornal O Estado de S. Paulo, o diretor nomeado pela ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra em agosto deste ano faria parte de um grupo que tem empresas de fachada no Uruguai, nos Estados Unidos e no Brasil, e atua para transformar a MTA numa empresa pública de carga aérea que o governo pretenderia criar após as eleições.

Rodrigues ficou desgastado devido à ligação com a MTA, pois era sócio da Martel, empresa de consultoria aeronáutica que acertou a documentação que permitiu a criação da MTA.

Ele diz que se desligou quando foi para os Correios e que não vai à sede da companhia desde dezembro: Estou saindo porque minha família está exposta e não aguento mais. Estou há 46 dias levando porrada.

Dinheiro do exterior para a MTA

Rodrigues admitiu que conhece o empresário Alfonso Conrado Rey, apontado como sócio majoritário da MTA, mas nega ser seu testa de ferro.

Rey estaria por trás do esquema para irrigar com dinheiro estrangeiro o funcionamento da MTA no Brasil. A legislação brasileira impede que qualquer empresa do ramo opere com menos de 80% de capital nacional.

Alfonso Rey é dono de uma empresa americana regularizada, a Centurion.

Essa é a informação oficial que tenho. Ele é dono de uma empresa americana. Pelo que eu conheço, não existe o nome de Alfonso Rey nos documentos da MTA. Volto a repetir: pergunte à empresa. Não vou lá há oito meses diz Rodrigues.

Procurados, os sócios da MTA não foram encontrados. Sobre a relação com a Capital, empresa de consultoria tocada pelos filhos de Erenice, e que foi prestadora de serviços à MTA, o coronel afirmou que não conhece seus donos. A Capital recebeu dinheiro para viabilizar a renovação da licença da MTA na Agência Nacional da Aviação Civil (Anac). Após essa renovação, a MTA fechou contrato sem licitação com os Correios.

O presidente dos Correios, David José de Matos, afirmou que a decisão do diretor é pessoal e que, na estatal, não há indício de que ele tenha praticado irregularidade. Segundo Matos, os Correios têm documentos que comprovam que todos os contratos com a MTA são regulares: Ele me disse que está saindo porque está desgastado. Que só queria ajudar e não fez nada de errado.

Foi decisão pessoal disse Matos.

Nos últimos cinco anos, dirigentes da estatal foram alvo da Polícia Federal e do Ministério Público. Em 2005, o ex-chefe do Departamento de Compras Maurício Marinho foi flagrado recebendo R$ 3 mil de propina. irritado com a armadilha preparada contra Marinho, seu afilhado político, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) denunciou o mensalão, maior escândalo do governo Lula.

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