domingo, 5 de setembro de 2010

Dilma e Fortes: desde abril, 9 eventos juntos

DEU EM O GLOBO

Ministro das Cidades afirma que houve "coincidência e similaridade de datas"

BRASÍLIA. Fora o bloco do Planalto, a presidenciável petista, Dilma Rousseff, tem puxado consigo, em agendas casadas, nomes da Esplanada, a exemplo do ministro das Cidades, Márcio Fortes. Ele está à frente de programas importantes para o governo, como o Minha Casa, Minha Vida e obras de saneamento do PAC.

Brasil afora, as andanças dele coincidem com o roteiro de Dilma.

Desde 30 de abril, os dois estiveram na mesma cidade e no mesmo dia ao menos nove vezes. Em alguns casos, Fortes subiu ao palanque da ex-ministra. Na maioria, participou de atos com potencial de criar agenda positiva para ela. Em maio, Dilma batizava o navio João Cândido em Ipojuca, na Grande Recife, enquanto Fortes, com Lula, entregava moradias na capital pernambucana.

As coincidências aumentaram a partir de julho, quando a campanha esquenta. No dia 6, Dilma fez caminhada e participou de cerimônia de entrega de medalha em Porto Alegre.

Já Fortes presidiu reunião na Trensurb e vistoriou obras do metrô. Os dois voltaram à cidade dia 29 ela, para um comício, ele, para assinar, com Lula, contratos de obras de mobilidade.

Após o evento, Lula e Fortes esticaram para o ato pró-Dilma.

O mesmo se deu em 10 de agosto, quando, após inaugurações em Divinópolis (MG), Fortes e Lula subiram ao palanque de Dilma em Belo Horizonte.

Dia 23 de agosto, a candidata e o presidente foram à fábrica da MercedesBenz em São Paulo, de manhã.

À tarde, lá estava Fortes em almoço com Lula e uma visita a obras de um conjunto residencial. No dia seguinte, Dilma desembarcou em Campo Grande com Lula. Lá, Fortes entregou obras do PAC com o presidente e, à noite, foi ao comício. Dois dias depois, em Salvador, o ministro visitava obras e recebia as chaves do metrô.

Mais tarde, o palanque de Dilma.

Não preciso disso, diz Fortes, sobre diárias do governo Fora datas coincidentes, em ao menos três casos a petista e Fortes estiveram em cidades bem próximas no mesmo dia ou visitaram a mesma cidade com diferença de um dia. Ele espalhando a agenda positiva. Ela chegando para eventos eleitorais.

Também são comuns na Esplanada agendas oficiais, com diárias do governo, entrelaçadas com eventos partidários um ou dois dias depois. Ministro do Planejamento, Paulo Bernardo foi a Curitiba, sua terra natal, em 24 e 25 de junho (quinta e sextafeira), para um evento do sindicato estadual das transportadoras de carga.

O compromisso sequer foi incluído em sua agenda oficial. Dia 27, Bernardo tuitava: Encerrando a primeira fase do encontro estadual do PT-PR.

Complexidade das articulações testa a paciência da nossa militância.

Mais duas viagens de Bernardo a seu estado, às quintas-feiras, tiveram pagamento de diária e não entraram na agenda do site. Ele alega serem eventos do PAC e do INSS.

Fortes disse que nenhuma de suas viagens foi pautada pela campanha de Dilma. Tratou como coincidências a similaridade das datas. Segundo o ministro, em apenas quatro situações ele esteve com a petista em atos de campanha. Mesmo assim, porque integrava a comitiva de Lula: Nesses atos (os comícios), os ministros sequer discursam.

Fortes diz que é criterioso com o uso de diárias e que chega a dispensar a verba ou devolvê-la: Tem muita gente no serviço público que gosta de viver de diária. Não preciso disso.

Segundo o Planejamento, compromissos oficiais de Bernardo não estão na agenda por equívoco. E eventos de campanha ocorrem fora do expediente ou em fins de semana: O pagamento de diárias se dá apenas no período do compromisso oficial. (Fábio Fabrini e Regina Alvarez)

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