sexta-feira, 17 de setembro de 2010

''É preciso recuperar a dignidade'', diz FHC

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

O ex-Presidente se diz "triste" por não ter havido "amadurecimento" do governo - uma referência ao mensalão

Daiene Cardoso

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que a saída de Erenice Guerra do Ministério da Casa Civil não encerra o escândalo envolvendo o núcleo de poder do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "É um detalhe. Nada será suficiente. É preciso recuperar a dignidade", disse. "Como brasileiro, fico triste de ver tantos acontecimentos negativos. É a repetição deles."

Para FHC, o episódio demonstra que não houve amadurecimento político suficiente dos integrantes do governo, referindo-se ao escândalo do mensalão, que acabou provocando, em 2005, a saída do então ministro José Dirceu da Casa Civil. Dirceu foi sucedido na pasta por Dilma Rousseff, a candidata do PT à Presidência que deixou em seu lugar na pasta Erenice Guerra.

Em sintonia com o ex-presidente, o governador de São Paulo, Alberto Goldman (PSDB), avaliou que a saída de Erenice demonstra que existe um problema institucional na Casa Civil. "A instituição governo federal está muito abalada em vários pontos."

"Foco de problemas". No Recife, o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra, endureceu o discurso em entrevista convocada para falar sobre o episódio em nome do partido e da campanha do presidenciável José Serra. Guerra classificou as denúncias envolvendo a ex-ministra como "caso de polícia" e responsabilizou o governo federal que, na sua avaliação, só tomou a decisão de afastar Erenice com receio dos prejuízos à campanha da candidata do PT, Dilma Rousseff.

"A Casa Civil continua sendo um foco de problemas, de perturbação, de mau exemplo", afirmou. Apesar de não vincular diretamente a candidata petista às acusações contra Erenice, o senador foi enfático. "E cadê a Dilma? A Erenice era seu braço direito quando ela era titular da pasta", disse. Segundo o tucano, o prejuízo para a campanha de Dilma é certo. "O eleitor não é bobo."

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