sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Lula diz que pode ter sido enganado no caso Erenice

DEU EM O GLOBO

Presidente volta a criticar imprensa e afirma que fazer sucessor é prioridade

Uma semana depois da saída de Erenice Guerra da Casa Civil sob acusação de tráfico de influência, o presidente Lula disse que pode ter sido enganado. "Se alguém acha que pode chegar aqui e se servir, cai do cavalo, porque a pessoa pode me enganar um dia, mas não engana todo mundo todo dia", afirmou Lula, que, à época do escândalo do mensalão, disse ter sido "traído". Para Lula, Erenice perdeu a chance de ser "uma grande funcionária pública". O presidente voltou a atacar a imprensa e disse que os meios de comunicação deveriam anunciar seus candidatos e partidos. Segundo Lula, as pessoas são livres para criticá-lo, mas devem ouvir criticas: "Uma crítica que você faz é tida como antidemocrática, como se determinados setores da imprensa fossem acima de Deus." Lula disse que fazer o sucessor é prioridade de qualquer governo. "Imagina se entra para governar o Brasil alguém que resolve voltar a querer privatizar a Petrobras. Aonde vai o pré-sal?", indagou.

Presidente afirma que foi enganado por Erenice Guerra

Lula diz que ex-ministra "jogou fora uma chance" e volta a criticar a imprensa

BRASÍLIA. Uma semana depois de Erenice Guerra ter sido demitida da Casa Civil, envolvida em denúncias de tráfico de influência no governo, o presidente Lula disse ontem que foi enganado pela ex-ministra, e que Erenice perdeu a oportunidade de ser "uma grande funcionária pública" no país. Erenice era o braço-direito de Dilma Rousseff na Casa Civil e assumira o cargo em março para a petista disputar a Presidência.

- Na medida em que têm oportunidade, as pessoas estão aqui para prestar serviço à sociedade. Se alguém acha que pode chegar aqui e se servir, cai do cavalo, porque a pessoa pode me enganar um dia, mas não engana todo mundo todo dia. E, quando acontece, a pessoa perde - disse Lula, em entrevista ao portal Terra.

Segundo Lula, não foi a pressão da oposição que derrubou Erenice, mas os indícios de que ela teria errado no cargo:

- O que aconteceu com a Erenice é que ela jogou fora uma chance extraordinária de ser uma grande funcionária pública deste país - disse ele.

As denúncias sobre tráfico de influência na Casa Civil foram publicadas pela imprensa. Após sair na mídia, com depoimentos e documentos, é que o Planalto demitiu Erenice.

Lula falou ainda da relação entre imprensa e política, das críticas da oposição e do ex-presidente Fernando Henrique, de sua participação na campanha de Dilma Rousseff (PT) e da necessidade de cautela até a eleição. Citando o ex-prefeito de São Paulo Cláudio Lembo (DEM), Lula disse que os meios de comunicação deveriam anunciar seus candidatos e partidos. Lula disse que, no Brasil, as pessoas são livres para criticá-lo, mas que a imprensa se comporta como se estivesse acima de Deus.

- Veja, qualquer pessoa neste país tem o direito de me acusar de qualquer coisa, é livre. O que acontece concretamente é o seguinte: muitas vezes, uma crítica que você recebe é tida como democrática; uma crítica que você faz é tida como antidemocrática, como se determinados setores da imprensa fossem acima de Deus, e que ninguém pudesse ser criticado, ou seja, escreveu, está dito, acabou e é sagrado, como se fosse a Bíblia Sagrada.

Segundo Lula, seria "mais simples e mais fácil" se a imprensa declarasse quem apoia:

- O que não dá é para as pessoas ficarem vendendo uma neutralidade disfarçada, quando, muitas vezes, fica explícito, no comportamento, que eles têm candidato e gostariam que o candidato fosse outro. Mas eles preferem fingir que não têm lado e fazem críticas a todos que criticam determinadas matérias.

Lula falou sobre o comando de empresas de comunicação:

- Temos nove ou dez famílias que dominam toda a comunicação neste país. A verdade é que você tem duas ou três famílias donas dos canais de televisão, e as mesmas são donas das rádios. E donas dos jornais.

Lula rebateu declarações de FH de que ele está extrapolando os limites políticos, agindo como militante e "chefe de facção":

- Eles confundem populismo com popular. Eles não sabem o que é popular, porque eles nunca estiveram perto do povo. Então, isso é uma confusão maluca entre o populismo e o popular - disse Lula.

Lula não demonstrou preocupação com as críticas de que ele está se envolvendo demais na campanha. Ao contrário, disse que a prioridade de um governo deve ser a eleição do sucessor:

- Tenho partido e tenho candidato. Deveria ser cobrado de quem perdeu, de quem não conseguiu fazer sucessor, porque o sucessor é uma das prioridades de qualquer governo para dar continuidade a um programa que você acredita que vai acontecer. Imagina se entra para governar alguém que resolve querer voltar a privatizar a Petrobras. Aonde vai o pré-sal?

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