sábado, 11 de setembro de 2010

Mais uma procuração falsa de Atella

DEU EM O GLOBO

Sigilo de genro de Serra também foi quebrado por meio de apresentação de documento falsificado em Santo André

Sérgio Roxo e Silvia Amorim

SÃO PAULO e RIO. Sérgio Rosenthal, advogado de Verônica Serra, filha do presidenciável José Serra (PSDB), disse ontem que os dados fiscais do genro do candidato, Alexandre Bourgeois, também foram violados por uma procuração falsa, apresentada pelo mesmo Antônio Carlos Atella Ferreira à agência da Receita Federal em Santo André, ABC paulista. O falso documento, diz o advogado, consta dno inquérito da Polícia Federal que apura a violação do sigilo fiscal de Verônica. Atella, que usou falsa procuração também em nome de Verônica, é filiado ao PT.

- Foi o mesmo procedimento criminoso que permitiu o acesso ao sigilo da Verônica. Diante disso, é possível inferir que os dados do Alexandre também foram acessados - disse Rosenthal, ao deixar a Superintendência da PF em São Paulo.

Carimbo falsificado também é do 16º Tabelião de SP

A filha de Serra teve seu sigilo fiscal violado em 29 de setembro de 2009 na delegacia de Receita em Santo André. Os dados foram acessados após Atella entregar uma procuração falsa em nome de Verônica. Esses dados teriam sido usados num dossiê montado por petistas.

O advogado esteve de manhã na sede da PF para marcar a data do depoimento de Verônica e Bourgeois e teve acesso, pela primeira vez, à investigação. O falso documento, segundo ele, também tinha carimbo falsificado do 16º Tabelião de São Paulo, mesmo cartório que Atella usou para quebrar o sigilo da filha de Serra. E foi entregue à Receita no mesmo dia em que deu entrada no departamento a procuração que permitiu a violação dos dados de Verônica.

Rosenthal disse que ficou surpreso ao ver a falsa procuração de Bourgeois, uma vez que a própria Receita divulgou, esta semana, que o genro de Serra não tivera dados fiscais acessados por funcionários do órgão, mas só dados cadastrais. Para o advogado, a procuração em nome de Bourgeois reforça a tese de ação orquestrada com interesses político-eleitorais:

- Não entendi por que esse documento não veio à tona até agora - afirmou.

O que se sabia, até então, era que o genro de Serra teve os dados cadastrais acessados em 16 de outubro de 2009, na Receita em Mauá. O acesso ocorreu no terminal usado pela servidora do Serpro Adeildda Ferreira Leão dos Santos, de onde também foram extraídas ilegalmente cópias das declarações de Imposto de Renda de pessoas ligadas ao PSDB, incluindo o vice-presidente do partido, Eduardo Jorge Caldas Pereira.

Verônica e seu marido serão ouvidos pela PF na próxima quarta-feira, em São Paulo. O horário ainda não foi definido. Um dos objetivos da investigação é colher a assinatura da filha do presidenciável para confrontá-la com a rubrica que consta na procuração apresentada à Receita, e que teria sido falsificada.

A filha de Serra está no exterior, e seu retorno ao Brasil está previsto para hoje.

No inquérito, há documentos comprovando que Atella apresentou outras duas procurações para obter dados fiscais em São Paulo, uma delas em nome de José Gomes Graciosa, ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado do Rio, em novembro de 2009. Pela assessoria, Graciosa disse que não conhece Atella e nunca firmou tal procuração.

Ontem no Rio, ao saber da falsa procuração em nome do genro, Serra disse não ter se surpreendido:

- Vejo isso sem grandes surpresas, pois isso tem sido a metodologia do crime contra as pessoas, que tem sido praticado nesta campanha. De maneira que cada dia tem uma novidade, mas tudo dentro daquele processo de confronto do PT.

Colaboraram Henrique Gomes Batista e Maiá Menezes

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