segunda-feira, 6 de setembro de 2010

''Me diziam que o computador ligava sozinho'', afirma suspeita

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Dados de tucano foram acessados na máquina de Adeildda Leão; ela diz que quem tem que responder é escalão superior

Fausto Macedo e Bruno Tavares

Adeildda Leão dos Santos, servidora do Serpro sob suspeita de participação no vazamento de dados do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, e de outros políticos tucanos, disse que seu computador na agência da Receita em Mauá "era acessado também por outros funcionários". Em nota oficial, onde apresenta sua versão em 27 linhas, Adeildda relata que a senha da máquina ficava anotada em sua agenda que deixava sobre a mesa ou na gaveta com o cartão da certificação digital.

"Não via problema em outras pessoas usarem o computador pois confiava e não consigo enxergar maldade em meus colegas", assinala. "Muitas vezes chegava para trabalhar e via que meu computador estava ligado, muito embora tenha desligado no dia anterior antes de sair. Quando questionava, meus colegas me diziam que o computador ligava sozinho."

Ela diz que comunicou o fato à Corregedoria da Receita. "O corregedor me disse que isso é normal."

A investigação da Receita indica que o acesso aos dados de Eduardo Jorge ocorreu no computador de Adeildda, com uso da senha da analista tributária Antônia Aparecida Neves Silva. As duas trabalhavam na Agência Mauá, foco do escândalo.

"Tenho consciência que fui descuidada com meu computador, esse foi meu erro", admite Adeildda. "Quanto a imprimir declarações de forma imotivada, se foram mesmo imotivadas, quem tem que responder sobre isto são os funcionários do escalão superior. Eu somente seguia ordens. Sou mera auxiliar e não tenho como saber o que se passa com a chefia."

Há 23 anos na carreira Adeildda afirma que "jamais agiu ou contribuiu para a quebra de sigilo fiscal de nenhum contribuinte, seja ele político, famoso ou não".

Diz que nunca foi filiada a nenhum partido político e nem a nenhuma entidade sindical. "Não tenho predileção partidária. Até ser intimada não sabia quem era o senhor Eduardo Jorge."

Adeildda explica que para acessar uma declaração recebia o CPF. "Eu fazia o acesso, a impressão e entregava a quem me solicitou. O que a pessoa fazia com a cópia da declaração eu não sei. Como funcionária rasa não me cabia interferir no trabalho da chefia."

Disposta a colaborar com as investigações ela abriu mão de seu próprio sigilo.

"Coloco desde já minhas contas bancárias à disposição da Polícia Federal, abro meu sigilo fiscal e telefônico."

Nenhum comentário:

Postar um comentário