domingo, 12 de setembro de 2010

'Ministério da Casa Civil é o centro da maracutaia no Brasil', afirma Serra

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Aliados de Serra também criticam condução da Casa Civil e candidatura de Dilma

Rubens Santos

O presidenciável José Serra (PSDB) considerou gravíssima a denúncia publicada neste sábado, 11, envolvendo a ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, seu filho Israel e mais dois servidores da pasta.

"O Brasil tem que mudar e a época da eleição, é o momento para promover estas mudanças. Não é possível que alguns candidatos e alguns partidos achem natural que esse processo de corrupção em nosso País. Não é natural, não. Nós podemos mudar isso. Podemos mudar com eleição", disse Serra.

Durante visita a Goiânia onde participou de comício seguido de carreata na capital e em duas cidades do interior (Piracanjuba e Morrinhos). Ele criticou duramente a Casa Civil do governo Lula: "A Casa Civil tem sido um foco de problemas para o Brasil. Eu lembro que no caso do mensalão, na época do José Dirceu, foi o centro de escândalo. Depois, esteve a Dilma, que deixou seu braço direito, uma pessoa muito próxima, e hoje de novo, é o centro da maracutaia é a Casa Civil".

Serra prosseguiu em suas críticas: "Essas denuncias devem ser apuradas e tem que haver punição para os responsáveis. E não diversionismo e ocultamento", e aconselhou que "para se terminar com estes escândalos que fazem pouco do povo brasileiro, só mesmo a eleição".

"Eu me apresento com o candidato conhecido, que tem história, e são 27 anos do Brasil que eu ocupo cargos públicos, disse Serra elencando sua trajetória política, e afirmando que sua vida "é um livro aberto. Um livro aberto mesmo. De resto vocês tem na outra candidatura um envelope fechado", como uma ironia sobre o caso dos correios.

Coro

O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), disse que o partido vai pedir à Procuradoria-Geral da República que investigue os favorecidos pelo esquema de cobrança de propina nos contratos do governo. "Não vamos nos calar, não vamos nos omitir, não temos medo de retaliação e vamos à Justiça onde quer que seja possível", afirmou Guerra.

Em coro com Guerra, o senador tucano Álvaro Dias (PR) postou em sua conta no microblog twitter: "Esse escândalo é tao estarrecedor quanto o do Mensalão. Na cozinha da candidata à Presidência", disse. "Está mais do que contaminada a candidatura de Dilma depois das denuncias de hoje. Erenice é alma gêmea de Dilma. Sua parceira e sucessora", completou.

O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) aponta como "pior" aspecto da acusação o fato de o balcão de negócios estar montado na Casa Civil e não em outros órgãos públicos, como tem ocorrido no governo Lula.

"Não é nem nos ministérios, tudo parece ser acertado dentro do Palácio do Planalto", constata, lembrando não ser esta a primeira vez que Erenice Guerra está envolvida em operações suspeitas. "Ela também estava no lance dos cartões corporativos, cujos valores o governo não conseguiu explicar", destaca. "Faço votos que não seja esta mais uma denúncia para o presidente Lula ridicularizar, como tem feito com tudo o de comprometedor que ocorre em seu governo", disse o senador.

Para o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), ao contrário do que tem ocorrido até agora, a Polícia Federal e a Justiça Eleitoral deveriam adotar as providências necessárias para apurar e punir o que entende ser "mais um fato gravíssimo contra a candidata do PT". Para o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), o fato de o filho de Erenice, Israel Guerra, ter dito aos empresários parceiros na fraude que o dinheiro da propina seria usado em parte para "saldar compromissos políticos" compromete a campanha de Dilma e deve ser investigado. "É evidente que se trata de abuso de poder econômico e, se for devidamente comprovado, leva à impugnação da candidatura da Dilma", afirmou. Para ele, a denúncia se encaixa à perplexidade provocada pelas "campanhas vistosas do PT, cujas declarações de gastos ficam muito abaixo do real". Situação que, alega, deixa claro que o partido está "abusando" do caixa dois, por não ter como justificar a origem do dinheiro aplicado para eleger candidatos aliados do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


Com informações de Rosa Costa

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