quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Procurador: suspeita contra filho de Erenice é grave

DEU EM O GLOBO

Ministério Público acompanhará investigação; OAB quer afastamento da ministra

Carolina Brígido

BRASÍLIA. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, considerou graves as suspeitas contra o filho da ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra.

Até abril, ela era a principal assessora da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff (PT). Gurgel anunciou que o Ministério Público acompanhará as investigações da Polícia Federal, sem a preocupação de beneficiar a candidatura de Dilma nem a de seu principal concorrente, o tucano José Serra.

Segundo Gurgel, ainda não há indícios concretos de participação da ministra em suposto esquema de tráfico de influência no governo: As notícias apontam para fatos graves, mas não temos elementos ainda que apontem a responsabilidade, se envolve ou não envolve a ministra disse.

O Ministério Público atuará independentemente da campanha.

O tempo do Ministério Público não é o tempo da campanha política. Faremos a investigação com o rigor que caracteriza atuação do Ministério Público, mas sem preocupação com a campanha eleitoral nem para um sentido, nem para o outro.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, defendeu o afastamento imediato de Erenice: Não se pode falar em moralidade, em transparência e em apuração se a ministra se mantiver no cargo. A partir do momento em que se coloca em dúvida a credibilidade e a postura da ministra, isso é algo que deveria atrair o imediato afastamento dela.

Gurgel disse que a troca de acusações é típica de campanha próxima das eleições: É um momento nervoso para todos os lados. Quando se aproximam as eleições, as coisas vão ficando mais agitadas.

De um lado, o MP não servirá de instrumento daqueles que têm interesse em mostrar o envolvimento do governo; e, por outro, não deixará de apurar para preservar qualquer posição do governo.

Falando bem claro, o Ministério Público não servirá de instrumento nem da campanha da ministra Dilma nem da campanha do governador Serra.

Ontem, a oposição entregou à Procuradoria Geral da República um pedido de investigação contra Erenice. Gurgel afirmou que ainda não examinou o pedido, mas solicitará informações à PF relativas a um inquérito já aberto sobre o assunto. Ele afirmou que a Procuradoria da República no Distrito Federal acompanhará as apurações. E, se forem encontrados indícios contra a ministra, o caso passará a ser de responsabilidade da Procuradoria Geral da República, devido ao foro especial que o cargo de Erenice demanda.

Depoimento da ministra está descartado, por enquanto

Gurgel considerou prematuro falar em qualquer tipo de medida na investigação, como o eventual depoimento da ministra ou quebra de sigilo telefônico.

Segundo ele, é provável que a investigação comece pelo depoimento do filho de Erenice, Israel Guerra, e de empresários citados na reportagem da revista Veja. Segundo a reportagem, o filho da ministra faria tráfico de influência no governo com a anuência da mãe.

Temos que fazer apuração preliminar dos fatos, para ver se há elementos mínimos que justifiquem que a ministra seja ouvida. Vamos acompanhar o inquérito e, além das diligências que a Polícia Federal já esteja realizando, nós podemos sugerir outras explicou.

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