sábado, 23 de outubro de 2010

Aécio Neves: 'O presidente sai menor do que entrou'

DEU EM O GLOBO

O senador eleito Aécio Neves (PSDB-MG) subiu o tom das críticas ao presidente Lula e disse que ele deixou de agir como chefe de Estado para se tornar cabo eleitoral de Dilma Rousseff (PT). "O presidente sai menor do que entrou nesta eleição", afirmou Aécio, comentando declarações de Lula ironizando a agressão ao candidato tucano José Serra. Aécio disse estar triste pelo comportamento de Lula, com quem, completou, sempre julgou manter "uma relação de amizade e de respeito".

"Lula sai menor do que entrou nesta eleição"

Aécio diz que presidente o decepcionou ao abandonar papel institucional para virar cabo eleitoral de Dilma

Adriana Vasconcelos e Cristiane Jungblut

BRASÍLIA e TERESINA. O senador eleito pelo PSDB de Minas, Aécio Neves, voltou a criticar ontem o comportamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação não só à agressão sofrida pelo candidato do PSDB à Presidência, José Serra, e à investigação da Polícia Federal sobre as quebras de sigilos fiscais de tucanos. Para Aécio, Lula, como um chefe de Estado, não pode esquecer o papel institucional que ocupa para virar cabo eleitoral de sua candidata, a petista Dilma Rousseff. Aécio diz que Lula saiu menor ao misturar as funções de presidente e de cabo eleitoral nesta campanha.

— Vejo com muita tristeza a opção feita pelo presidente Lula, que abandonou seu papel institucional para virar um cabo eleitoral. Com essa postura, o presidente sai menor do que entrou nesta eleição — afirmou Aécio ao GLOBO.

Anteontem, Lula ironizou a agressão sofrida por Serra acusando o tucano de simular um ferimento na cabeça e comparando-o com o goleiro da seleção chilena Roberto Rojas, que, numa partida das eliminatórias da Copa de 1989, forjou um ferimento. A exemplo de outros petistas, Lula também insiste na tese de que as violações de sigilos fiscais de tucanos constatadas na Receita teriam sido fruto da disputa entre Aécio e Serra pela vaga de candidato tucano à Presidência.

— A democracia é maior do que uma eleição e um conjunto de forças políticas. Por isso, não posso deixar de externar minha tristeza com o comportamento de uma pessoa a quem sempre julguei manter uma relação de amizade e de respeito — acrescentou Aécio.

Embora tenha feito questão de destacar que sempre teve relação de amizade com o presidente, a quem respeitou pela sua história de vida e trajetória política, Aécio admitiu estar decepcionado com o comportamento de Lula nesta campanha eleitoral. Já durante o primeiro turno, Aécio não perdoou a forma agressiva como Lula tentou interferir na disputa estadual.

Parlamentares do DEM e do PSDB afirmaram que Lula já vinha aumentando os ataques à oposição, mas que, ainda assim, ficaram surpresos com o tom adotado anteontem. O líder do DEM na Câmara, deputado Paulo Bornhausen (SC), disse que Lula acaba incentivando a violência ao adotar o tom jocoso que adotou na quinta. Ele disse ainda que Lula extrapola, pois estaria abandonando a postura de magistrado, de chefe da República, e assumindo mais sua função de principal cabo eleitoral da candidatura petista.

— Vamos fazer um ato de desagravo no Rio a tudo que Lula está fazendo — disse Paulo Bornhausen. Ao saber que a campanha de Dilma também faria um ato no Rio, o líder do DEM brincou: — Vou usar um capacete.

Em Teresina, Aécio disse que lamenta e acha triste o fato de Lula estar agindo como chefe de facção e não como presidente da República na campanha eleitoral
Colaborou Efrém Ribeiro

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