quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Aécio: 'Quem deve explicações é o PT'

DEU EM O GLOBO

Eduardo Jorge diz que PF terá de responder como sigilos chegaram ao PT e quem entregou os documentos a petistas

Flávio Freire e André de Souza

SÃO PAULO e BRASÍLIA. Em nota, o senador eleito Aécio Neves (PSDB) repudiou a tentativa de vinculá-lo às violações de sigilo cometidas a mando do jornalista Amaury Ribeiro Júnior. Aécio diz que não conhece e nunca teve relações com o jornalista. Ele também atacou o PT, "já envolvido anteriormente na violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo e, agora, na quebra de sigilos fiscais de membros do PSDB". Na nota, o senador eleito diz que jamais fez dossiês contra adversários:

"Repudio com veemência e indignação a tentativa de vinculação do meu nome às graves ações envolvendo o PT e o senhor Amaury Ribeiro Jr., a quem não conheço e com quem jamais mantive qualquer tipo de relação. Tal prática jamais fez parte da minha história política em 25 anos de vida pública. Como disse o senador Sérgio Guerra, quem deve explicações aos brasileiros é o PT, já envolvido anteriormente na violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo e, agora, na quebra de sigilos fiscais de membros do PSDB. Lamento profundamente que tais ocorrências contaminem um processo eleitoral que deveria ser marcado pelo debate de ideais e de avanços para o país", escreveu Aécio.

A direção da campanha presidencial do PSDB também procurou desqualificar ontem a versão da Polícia Federal de que não há provas de que o dossiê com dados sigilosos de tucanos foi utilizado pela campanha petista. Para dirigentes do partido ligados à campanha de José Serra, a PF estaria se deixando manipular por interesses partidários. A cúpula do PSDB permaneceu reunida no comitê oficial de campanha, em São Paulo.

O vice-presidente da legenda, Eduardo Jorge, que teve o seu sigilo fiscal quebrado, disse que a polícia não pode sustentar essa versão porque os documentos teriam saído do comitê da campanha de Dilma Rousseff, segundo informação que ele recebeu na época em que foi avisado sobre o esquema que o atingiu.

- A polícia está se deixando manipular por interesses partidários. Mas é fácil desmontar essa versão (de que não há conotação política). É só eles responderem sobre como os sigilos chegaram ao PT e quem entregou os documentos para os petistas. Assim que o inquérito terminar, vou processar todos os envolvidos.

Com ressalva de que não acredita na hipótese de Aécio ter encomendado o dossiê, uma vez que o jornalista Amaury Ribeiro Júnior disse, em depoimento à Polícia Federal, que havia pedido a quebra dos sigilos para proteger o ex-governador, Eduardo Jorge declarou:

- Essa versão da polícia de que não tem link político é falsa. Ora, se o jornalista diz que fez para proteger o Aécio, já teria viés político - disse o vice-presidente do PSDB, reafirmando, porém, que não conversou com o Aécio nas últimas horas, por não acreditar na possibilidade de fogo amigo dentro do partido.

O presidente nacional do partido, senador Sérgio Guerra, também criticou a PF.

- As pessoas esquecem que os dados saíram do comitê do PT, então não tem nada mais contraditório do que dizer que não tem caráter político - disse ele, que em seguida distribuiu uma nota oficial. (leia a íntegra ao lado).

Em São Paulo, ao comentar o envolvimento do nome de Aécio, Guerra retrucou:

- Essa é uma denúncia na linha de dispersão.

Itagiba nega envolvimento na quebra de sigilo

Em outra nota, o deputado federal Marcelo Itagiba (PSDB-RJ) também negou que estivesse fazendo espionagem de Aécio a pedido do grupo de Serra, como alegou Amaury. "Não sou araponga. Quando fui delegado, fazia investigação em inquérito aberto, não espionagem, para pôr na cadeia criminosos do calibre desses sujeitos que formam essa camarilha inscrustrada no PT", afirmou Itagiba, rebatendo as ilações de que estaria produzindo dossiês.

Ele informa que protocolou notícia-crime na PF, no dia 10 de junho deste ano, dando conhecimento de sua iniciativa à Procuradoria-Geral da República, com o objetivo de que fosse instaurado o inquérito policial para apuração de crimes atribuídos a pessoas da pré-campanha do PT.

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