sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Agressão passo a passo

DEU EM O GLOBO

Tucano foi atingido em dois momentos

Fabio Brisolla

O calçadão de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, é uma rua fechada ao tráfego de carros e que concentra o comércio do bairro. No início da tarde de quarta-feira, Serra iniciou sua caminhada cumprimentando vendedores das lojas, cercado por quase cem cabos eleitorais do PSDB, recrutados pela deputada estadual tucana Lucia Helena, a Lucinha. Antes da metade do trajeto de 350 metros, ele entrou numa loja de cosméticos para cumprimentar funcionárias. Posou para fotos com algumas delas. Nesse momento, do lado de fora, começou a discussão entre a comitiva do candidato e militantes do PT, que tentavam se aproximar para protestar.

Ao cogitar sair da loja, o vice Indio da Costa se aproximou do tucano e pediu:

- Serra! Serra! Volta para dentro!

Um dos seguranças sinalizou para a comitiva desistir do passeio. Serra prosseguiu. Os empurrões e as discussões aumentaram progressivamente. A intenção dos militantes do PT era abordar diretamente o candidato do PSDB. Seguranças e assessores fizeram um cordão de isolamento para proteger o candidato e seguir até o fim do calçadão. Quando um dos manifestantes chegou, com um cartaz, a dois metros de Serra, um integrante da comitiva rasgou o material. Os ânimos se acirraram e o tumulto aumentou. O candidato tucano tentava esboçar algum sorriso e acenar para os eleitores, mas, naquele momento, sua expressão de nervosismo era clara. Indio escoltou Serra em boa parte do percurso, mas, no tumulto dos últimos metros, o candidato a vice ficou um pouco para trás por conta dos empurrões.

Em meio a gritos de apoio da militância tucana, misturavam-se insultos. Alguns chamavam Serra de "assassino". Na foto maior (acima), o candidato tenta discutir com manifestantes. Os empurrões aumentaram. O fotógrafo Gabriel Paiva, do GLOBO, registrou o momento em que Serra levou as duas mãos à cabeça. Ele viu o candidato sendo amparado por assessores. Segundos depois, Serra entrou na van da comitiva. O deputado federal Fernando Gabeira (PV) abriu a janela do veículo e avisou:

- Serra foi atingido por alguma coisa quando estava chegando na van.

O van acelerou, dobrou a esquina e parou. Cinco minutos depois, Serra saiu e continuou a caminhar em outro quarteirão. Por várias vezes, levou as mãos à cabeça, apesar de não haver ferimento aparente. Após 50 metros, foi embora na van.

Uma equipe de SBT flagrou o candidato sendo atingido por uma bolinha de papel. Naquele instante, Serra estava sorrindo e acenando para os eleitores. A cena, no entanto, foi registrada antes dos empurrões generalizados que resultaram na agressão a Serra, como constatou o perito Ricardo Molina para o "Jornal Nacional", da TV Globo. Entre a bolinha de papel e o outro objeto que atingiu Serra, passaram-se cerca de 15 minutos. O segundo objeto é uma espécie de bobina de adesivos de campanha. SBT e Record só mostraram a bolinha de papel. O médico Jacob Kligerman, que examinou Serra, disse estar indignado com as declarações do presidente Lula. E frisou que jamais faria parte de uma farsa.

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