domingo, 24 de outubro de 2010

Chefe de Gabinete vira réu por propina

DEU EM O GLOBO

Processo trata de esquema de corrupção na gestão de Celso Daniel em Santo André, na qual Carvalho era secretário

BRASÍLIA. O chefe de Gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, e o PT foram enquadrados como réus em processo da Justiça de São Paulo que trata de esquema de propina envolvendo a prefeitura de Santo André, na gestão petista de Celso Daniel, e empresas de transporte. Carvalho e o partido, segundo reportagem de ontem de “O Estado de S. Paulo”, são acusados de participar de uma quadrilha que comandava o esquema e teria desviado R$ 5,3 milhões dos cofres públicos. As denúncias são antigas e “atormentam” o PT desde a campanha de 2002, do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva.

Celso Daniel foi sequestrado e morto em janeiro de 2002.

Recentemente, o presidente Lula desistiu de nomear Miriam Belchior, que foi casada com Celso Daniel, como nova ministra da Casa Civil, justamente por temer a volta do caso Celso Daniel na eleição e atingir Carvalho, que foi secretário de governo do prefeito.

Na última segunda-feira, a Justiça decidiu pela abertura definitiva do caso. A juíza Ana Lúcia Xavier Goldman negou recursos apresentados para protelar o andamento do processo e confirmou o despacho que aceita a denúncia. Além de Carvalho e o PT, são citadas outras cinco pessoas e uma empresa.

“Há indícios bastantes que autorizam a apuração da verdade dos fatos por meio da ação de improbidade administrativa”, disse a juíza, segundo “O Estado de S. Paulo”. Segundo a ação, o assessor de Lula transportava propina para o comando do PT.

“Ele concorreu de qualquer maneira para a prática de atos de improbidade administrativa”, diz a denúncia aceita.

Por meio da assessoria do Palácio do Planalto, Carvalho informou que já prestou depoimento em duas CPIs e no Ministério Público sobre as denúncias e que “está com a consciência tranquila”. O chefe de Gabinete de Lula, que também é seu principal homem de confiança, segundo assessores, vai se defender das acusações. Ele depôs na CPI dos Bingos, em 2005, e depois teve de dar explicações em 2008 quando seu nome apareceu num grampo na Operação Satiagraha. Na atual campanha da candidata Dilma Rousseff, Carvalho tem sido integrante da coordenação, atuando, sobretudo, junto à Igreja Católica.

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