sábado, 23 de outubro de 2010

Erenice não consegue adiar depoimento na PF

DEU EM O GLOBO

Recurso da ex-ministra é negado

BRASÍLIA. A Polícia Federal marcou para segunda-feira, às 9h, o depoimento da exministra da Casa Civil Erenice Guerra, ex-braço-direito de Dilma Rousseff (PT). A PF tentou marcar o depoimento dela para a última quartafeira, mas um dos advogados pediu adiamento. Ontem, a defesa de Erenice fez nova tentativa de adiamento, mas sem sucesso. Erenice será ouvida pelo delegado Roberval Vicalvi.

A uma semana do segundo turno da eleição presidencial, o depoimento de Erenice está sendo aguardado com certa tensão por integrantes da campanha de Dilma. O delegado Vicalvi deverá cobrar explicações de Erenice sobre os negócios da Capital Consultoria, empresa do filho dela Israel Guerra em sociedade com Vinícius Castro, ex-assessor da Casa Civil. Os dois são acusados de intermediar negócios de empresas privadas com o governo em áreas de influência de Erenice.

Em depoimento quinta-feira, o ex-piloto de motovelocidade Luís Corsini disse que pagou propina de R$ 40 mil a Israel a título de “taxa de sucesso” por um patrocínio de R$ 200 mil da Eletrobras, em 2008. O ex-piloto disse que só obteve a ajuda com a interferência de Israel. Em 2007, quando ainda não contava com os serviços de Israel, o pedido de patrocínio foi rejeitado.

O advogado Sebastião Tojal disse que Erenice nada tem a ver com o caso.

— Ela desconhece esses fatos. Ela disse que viu (Corsini) e nem sabe quem é. Tomou conhecimento (sobre o ex-piloto) agora, lendo os jornais — disse Tojal.

Israel Guerra e Vinícius Castro também negociaram contratos para facilitar um financiamento de R$ 2,25 bilhões do BNDES para a EDRB, empresa de energia solar. A denúncia foi feita pelo lobista Rubnei Quícoli. Os dois também receberam cerca de R$ 200 mil de Fábio Baracat para ajudar a Master Top Airlines (MTA), de transporte aéreo de carga, a obter licença na Agência Nacional de Aviação Civil e, a partir daí, renovar contrato com os Correios.

Após o escândalo, Erenice teve de deixar a Casa Civil.

Para Tojal, Erenice deve ser a última a depor porque vem sendo apontada como a principal investigada no inquérito.

A PF decidiu, então, manter o interrogatório para segundafeira. A polícia está sendo cobrada a esclarecer o caso antes das eleições.

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