quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Escolha de Ciro desagrada ao PMDB

DEU EM O GLOBO

Partido foi xingado pelo deputado que virou coordenador da campanha de Dilma; peemedebistas cobram mais participação

Maria Lima

BRASÍLIA. O PMDB do vice na chapa governista, Michel Temer, não quer esperar a eventual vitória de Dilma Rousseff para saber qual o tamanho de sua fatia na divisão do poder. A petista já começou a administrar o clima de insatisfação geral no PMDB.

Ela mesma conversou ontem com o ex-ministro e candidato derrotado ao governo da Bahia, Geddel Vieira Lima, que ameaçava dissidência e marcou evento em Salvador, na sexta-feira, para lançar a campanha do segundo turno em favor da petista.

Outro fator que motivou a cobrança do PMDB foi a indicação do deputado Ciro Gomes (PSBCE) para ser um dos quatro coordenadores da campanha de Dilma Rousseff. Causou mal-estar dentro do PMDB e foi motivo até de chacota nas reuniões reservadas do PMDB ontem.

Integrantes da cúpula do partido avaliaram que Ciro tem um discurso muito radical, especialmente contra o PMDB ele já chamou Temer de chefe de um ajuntamento de assaltantes , e que pode não atrair mais apoios, e sim afastar pessoas.

Lembraram que o PMDB foi alvo de pesados ataques do deputado.

Em várias ocasiões, Ciro chamou o PMDB de quadrilha e disse que a prática do partido é a da frouxidão moral.

Os peemedebistas viram no gesto uma escolha pessoal de Lula, para agradar ao governador reeleito do Ceará, Cid Gomes, e ainda ao governador reeleito de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB.

O ex-governador Moreira Franco procurou contemporizar a reação a Ciro no PMDB: Ele foi indicado coordenador.

O PMDB, na sua maioria, apoia a indicação. Não há restrições significativas.

Mesmo assim, o PMDB prometeu engajamento, mas quer contrapartidas. Em reunião num hotel de Brasília, Michel Temer liderou ontem um ato de demonstração de força com cerca de cem lideranças expressivas. E o recado foi claro: o PT terá que abrir espaço para que o vice e o partido tenham visibilidade, inclusive na TV. E a cúpula do PMDB quer deixar amarrado um entendimento sobre a disputa pelas presidências da Câmara e do Senado em fevereiro.

Em discurso, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), foi o porta-voz da insatisfação.

Batendo no peito e em tom exaltado, disse que chegou a hora da verdade.

Não aceitamos essa história de eleição para um partido só ganhar. O PT é um grande partido, mas ou ganhamos juntos ou não ganha ninguém conclamou o líder peemedebista.

Eu me mantive discreto no momento em que não se exigia muito a minha presença, não sei se por erro da coordenação.

Mas eu disse para Dilma que queremos uma participação mais efetiva discursou Temer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário