sexta-feira, 22 de outubro de 2010

PSDB anuncia ação na Justiça contra Lula

DEU EM O GLOBO

Sérgio Guerra diz que reação do presidente "foi o caso mais grave até agora nesta eleição"

Henrique Gomes Batista

O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), anunciou ontem que vai processar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por causa da forma com que o presidente tratou publicamente a agressão ao candidato tucano, José Serra, em um ato de campanha na quarta-feira em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. Ontem, Sérgio Guerra disse que o partido não comentaria mais o fato, mas que tomou a iniciativa de procurar a imprensa depois que Lula deu sua opinião sobre o caso, minimizando o golpe que Serra recebeu na cabeça e dizendo que o tucano estava "mentindo" sobre a agressão que sofreu.

- Essa participação de Lula é o caso mais grave até agora nesta eleição. Se doeu mais aqui ou mais ali, não tem importância. Essa não é a questão. Houve ato de violência contra a democracia. Nunca desejamos que a campanha tomasse esse rumo - disse Guerra.

"Não pense o presidente que está acima do mal"

Guerra classificou como absurdo o envolvimento de Lula no caso, porque, segundo ele, o posicionamento pode incitar o ódio em vez de estimular a paz no processo democrático. Ele disse que o partido está estudando, com seus advogados, a ação judicial sobre este caso, que pode ser enquadrada no crime de injúria:

- Houve um ato de violência contra o nosso candidato, contra a democracia. Não aceitamos isso. Não pense o presidente que está acima do mal, que pode fazer tudo o que quiser, desrespeitar a democracia. A Justiça é sempre o caminho, nem sempre eficaz

O senador disse ainda que a caminhada que o candidato Serra fará no Rio no domingo como ato de campanha será agora um ato de desagravo ao tucano. O evento está previsto para a manhã do dia 24, na orla de Copacabana, com a presença de diversos tucanos, inclusive o senador eleito por Minas Aécio Neves. Guerra afirmou também que a utilização do caso durante a propaganda eleitoral de Serra na tarde de ontem não se tratou de apelação eleitoreira:

- Isso é episódio das eleições. Não podemos esconder - disse o presidente do PSDB.

Questionado por jornalistas sobre se o incidente não foi superdimensionado por Serra, que procurou um médico e fez tomografia, Guerra disse que cabe a Serra avaliar a extensão do dano e que nem procurou saber se ele foi atingido por outro objeto:

- Serra não costuma mentir, e nós não somos de fazer teatro. Não faz sentido quem foi agredido ter de ficar se explicando.

Guerra voltou a criticar a atuação do presidente da República no inquérito que apura a quebra de sigilo de pessoas ligadas ao PSDB. Segundo ele, a conclusão da Polícia Federal não reproduz o que está nos depoimentos dos envolvidos - a que ele disse ter acesso através dos advogados de Eduardo Jorge, integrante do PSDB que também teve parte de seu sigilo violado.

Presidente é "chefe de facção", diz senador

Guerra questionou o fato de Lula ter informado, na quarta-feira pela manhã que, durante o dia, seriam divulgadas novidades sobre a investigação da quebra do sigilo. O presidente do PSDB também estranhou o fato de o PT ter convocado uma coletiva sobre o tema, antes mesmo de a PF ter divulgado a sua conclusão - que, em sua opinião, é parcial:

- O presidente deu uma demonstração inequívoca de que não fala pelos brasileiros, que é chefe de facção, não é chefe de um país. Ele se julga acima do bem e do mal, um próprio Deus. Como o presidente diz uma coisa dessas? Que presidente é esse? Ele não honra a tradição democrática brasileira.

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