sábado, 30 de outubro de 2010

Servidor do BB acessou conta de Ej 'por engano'

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Os dados bancários do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, foram acessados sem motivo por duas vezes em agência do Banco do Brasil em Maricá, no Rio. Em depoimento à Polícia Federal, o servidor Márcio Vinícius Alves disse que consultou a conta do tucano em 26 de março deste ano -por engano, segundo ele. A defesa do tucano pediu investigação.


Dados de dirigente tucano foram acessados sem motivo por gerente do BB em Maricá

Em depoimento à PF, servidor admitiu que viu os dados de Eduardo Jorge, mas alegou que foi por engano

Acesso foi em agência em que tucano recebeu depósito de R$ 3,9 mi por conta de espólio; banco nega irregularidades

Fernanda Odilla

BRASÍLIA - Os dados bancários do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, foram acessados sem motivo por duas vezes em uma agência do Banco do Brasil em Maricá (RJ).

Em depoimento à Polícia Federal na quarta-feira, o gerente de contas do BB Márcio Vinícius Alves afirmou que no dia 26 de março deste ano consultou por engano, em dois momentos, a conta corrente do dirigente tucano. Alves contou à PF que fez os acessos às 11h29 e às 11h30.

Segundo a versão do servidor, atualmente lotado em agência do BB em Niterói (RJ), na ocasião foi feita "uma reclamação de cliente repassada pela telefonista da agência, questionando um depósito não creditado".

Ele disse que recebeu as informações do suposto cliente em um pedaço de papel, com o nome, agência, conta e valor do depósito questionado. Porém, ao fazer o acesso, verificou "inconsistência dos dados", ou seja, que o titular da conta acessada não era o cliente que havia ligado reclamando.

Para a defesa de EJ, que já suspeitava do acesso imotivado, não há dúvida de que o sigilo bancário foi violado.

"O Banco do Brasil precisa investigar de maneira definitiva os motivos pelos quais as informações da conta corrente do meu cliente foram acessadas em Maricá", afirmou a advogada do tucano, Ana Luísa Pereira.

Conforme a Folha revelou em junho, a chamada "equipe de inteligência" da pré-campanha de Dilma Rousseff (PT) à Presidência fez circular dados fiscais e financeiros sigilosos do tucano.

Integrantes do grupo obtiveram informações de série de três depósitos na conta de EJ no BB no valor de R$ 3,9 milhões, além de cópias de cinco declarações completas de seu Imposto de Renda.

Foi em Maricá que EJ vendeu imóveis do espólio de seu sogro, o que justificou os depósitos de R$ 3,9 milhões.

O tucano afirmou que não tem nem nunca teve conta em agência em Maricá.Em setembro, o BB já havia informado à PF que a conta de EJ havia sido acessada cinco vezes entre 2009 e 2010, em Brasília, onde o tucano tem conta, e em Maricá.

Contudo não havia explicado as razões da consulta no Rio.

Seis dias antes do depoimento do servidor, o BB encaminhou novo ofício à polícia afirmando que o procedimento adotado não apenas pelo então gerente em Maricá como pelos outros servidores que acessaram a conta de EJ estavam "em compatibilidade com as funções por eles desempenhadas".

Entretanto o banco não detalhou quais dados foram acessados nem se eles foram copiados ou impressos. Também não mencionou a possibilidade de erro do gerente.

O gerente do BB disse que, ao perceber não se tratar do cliente que reclamava do depósito não creditado, "não prosseguiu nas demais checagens" nem "imprimiu nem consultou demais dados cadastrais daquela conta".

Ontem, por meio da assessoria de imprensa, o BB informou que, "até o momento, as informações sobre acessos realizados à conta do cliente Eduardo Jorge não configuram quebra do sigilo".

Além de negar a violação, o banco afirmou que as consultas "são compatíveis com atividades bancárias e, por tais motivos, não exigem novas providências".

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